REVISTA CIENTÍFICA IPEDSS: A CIÊNCIA A FAVOR DA SAÚDE E SOCIEDADE

ISSN 2764-4006 Publicação online

DOI 1055703

Volume 2. Número 1.

Petrolina, 2022.

RELATO DE EXPERIÊNCIA EM MONITORIA DE MECANISMOS ANATOMOFISIOLÓGICOS DO SER HUMANO

Giulliano Danezi Felin1, Giancarllo Danezi Felin2, Carollina Danezi Felin3, Fellipe Danezi Felin4 e Mariana
Linhares Sachett5

Endereço correspondente: Giulliano Danezi – Santa Maria, RS – Brazil – E-mail: felingiulliano@gmail.com

Submissão: 22 de Março, 2022 – Modificação: 23 de Março, 2022 – Aceito: 28 de Março, 2022

DOI: https://doi.org/10.55703/27644006020104

 

RESUMO

O estudo tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de medicina na atuação como monitores na disciplina de Mecanismos Anatomofisiológicos do Ser Humano, em uma instituição privada, da região central do sul do país, no ano de 2021, durante o isolamento social imposto pela pandemia. O método utilizado para esse estudo foi o relato da experiência vivenciada pelos discentes. Observou-se como resultado que, para o enfrentamento das dificuldades determinadas pelo isolamento social, foram necessárias novas abordagens de ensino, incluindo a metodologia híbrida (síncrona e assíncrona) e a elaboração de material educativo compartilhável, de acesso gratuito. Considerou-se que essas abordagens foram importantes para a promoção do processo ensino-aprendizagem e aquisição do conhecimento na disciplina envolvida. Adicionalmente, proporcionaram mais entusiasmo e adesão dos alunos, com consequente enfrentamento favorável das dificuldades. Desse modo, conclui-se que a experiência vivenciada determinou ampliação e propagação de conhecimentos para todos os envolvidos.

Palavras-chave: Aprendizagem; Ensino; Isolamento Social; Medicina; Metodologia.

 

INTRODUÇÃO

A monitoria acadêmica está instituída no Brasil desde a década de 1960, quando em 1968 teve início o Sistema Universitário Federal (SUF), que através da lei federal número 5.540 de 28 de novembro de 1968, fixou normas para o ensino superior, instituindo no artigo 41, a monitoria acadêmica (1).

Posteriormente, com a Lei de diretrizes e bases da educação (LDB), número 9.394 de 20 de dezembro de 1996, a monitoria teve sua potencialidade pedagógica reconhecida, determinando a atuação do monitor nas atividades de ensino e pesquisa (2)

A monitoria acadêmica é uma atividade extracurricular importante para o currículo acadêmico e profissional, melhora a qualidade do ensino, incentiva o enriquecimento da vida acadêmica dos alunos ao compartilhar conhecimentos com os colegas (3).

O processo de formação médica envolve a aquisição de habilidades que podem ser potencializadas na vivência de uma atividade de monitoria, tais como o raciocínio crítico, a comunicação, o trabalho solidário, a autonomia e a humanização (4).

Também já foi evidenciado que os monitores ampliam seu conhecimento à medida que estudam os conteúdos e se aprofundam para a participação das atividades da monitoria (5).

Destaca-se que o monitor aprende para ensinar, e nesse processo fica mais atento ao seu mecanismo de aprendizagem, identifica bloqueios e cria estratégias para superá-los, num processo autoregulativo positivo. Além disso, o crescimento intelectual dos monitores é associado à aquisição de habilidades relacionadas à docência, favorecendo a formação de profissionais mais críticos e reflexivos (6).

A utilização do ensino híbrido na complementação da educação médica, incluindo a monitoria, vinha sendo cogitado em alguns estudos (7), porém, com a pandemia, foi uma imposição, passando a ser amplamente utilizado como forma alternativa de manter algumas atividades. Durante esse período de isolamento social, houveram mudanças significativas de estratégias no ensino-aprendizado.

Esse estudo objetiva relatar a experiência de acadêmicos de medicina na atuação como monitores da disciplina de “Mecanismos Anatomofisiológicos do Ser Humano” (MASH), em uma instituição privada, da região central do país, no ano de 2021, durante o isolamento social imposto pela pandemia.

O presente relato de experiência procurou abordar a importância e a significância dessa experiência ímpar em um período peculiar, num momento nunca vivenciado antes. Por ocorrer durante o isolamento social e suspensão de muitas atividades presenciais, determinou novas estratégias e abordagens para manutenção tanto do vínculo com os discentes, quanto para garantir o sucesso do processo de ensino e do aprendizado.

MÉTODO

O presente estudo trata-se de um relato da experiência, de caráter descritivo, baseado no relato de um grupo de monitores da disciplina de MASH, inserida no primeiro ano do curso de medicina de uma instituição privada da região central do sul do Brasil.

Essa experiência foi vivenciada no ano de 2021, período de isolamento social imposto pela pandemia relacionada ao Covid-19. Nesse período, exerceram atividades extracurriculares, complementares de graduação, relacionados à monitoria na disciplina de MASH, através de uma metodologia híbrida, com encontros síncronos e assíncronos.

RELATO DE EXPERIÊNCIA 

A disciplina de MASH é ofertada no primeiro ano do curso de medicina. Os alunos que concluem com êxito essa disciplina, podem inscrever-se para processo seletivo e depois de aprovados, constituem o grupo de alunos monitores da referida disciplina.

Os monitores auxiliam o professor da disciplina na efetivação das diversas atividades que compõem o processo de ensino-aprendizagem, promovendo revisões e atividades extraclasse para fixação dos conteúdos abordados em aula.

No período de isolamento social, muitas dessas atividades foram impossibilitadas de ocorrer e se tornou imperativo a aquisição de novas abordagens.

Nesse sentido, como forma de melhor gerenciar e adaptar as atividades da monitoria de MASH ao isolamento determinado pela pandemia, foi incorporado o modelo híbrido como metodologia de ensino, associando encontros síncronos e assíncronos, com utilização de plataformas virtuais.

Para isso, foram utilizadas Tecnologias Educacionais em Rede (TER), compartilhadas através do ambiente virtual de ensino-aprendizagem (AVEA), como o Moodle da instituição.

Além disso, foram utilizados jogos virtuais interativos (Kahoot), como ferramentas didáticas para fixação e contextualização dos conteúdos, assim como também, criado um grupo no Whatsapp objetivando dirimir dúvidas e solucionar problemas de forma mais rápida.

As monitorias para os acadêmicos foram realizadas tanto de forma virtual, por meio das plataformas digitais (síncrono e assíncrono), quanto presenciais na medida que as regras de isolamento foram permitindo retorno gradual.

Além dessas estratégias relacionadas à metodologia, foi confeccionado um material educativo compartilhável em ambientes virtuais da instituição, de acesso gratuito, incluindo aspectos teóricos e práticos da disciplina, através de textos e vídeos, respectivamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização do modelo híbrido nas atividades da monitoria de MASH, no curso de medicina, contornou as dificuldades do ensino à distância, pois adicionalmente ao material educativo compartilhável, foi capaz de promover aprendizado, interação, fixação e contextualização dos conteúdos da disciplina.

Foram, portanto, uma alternativa pedagógica pertinente à realidade do curso de Medicina onde foi implantado, pois utilizou diferentes recursos tecnológicos e foi capaz de promover maior dinamismo e integração dos estudantes.

Como resultado, nenhum aluno abandonou a disciplina, reprovou ou realizou exame; ao contrário disso, muitos colocaram-se à disposição para trabalhos futuros na área e na disciplina.

Considerou-se que a utilização da metodologia híbrida e a confecção de material didático compartilhável foram importantes para a promoção do processo ensino-aprendizagem e aquisição do conhecimento na disciplina envolvida, pois proporcionaram entusiasmo e adesão dos alunos, com consequente enfrentamento favorável das dificuldades.

Conclui-se que a experiência vivenciada na monitoria híbrida de MASH durante o período de isolamento social relacionado à pandemia foi única e determinou ampliação e propagação de conhecimentos para todos os envolvidos, pois foi capaz de potencializar a construção da aprendizagem no ambiente acadêmico e melhorar os resultados dos discentes.

 

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Senado Federal, Lei Federal nº 5540, de 28 de novembro de 1968. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/norma/547410 Acesso em: 16 março de 2022.

2. Brasil. República Federativa do Brasil. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: Link Acesso em: 16 março de 2022.

3. Frison LMB. Monitoria: uma modalidade de ensino que potencializa a aprendizagem colaborativa e autorregulada. Pro-Posições. 2016; 27(1):133-53. Disponível em: Link Acesso em: 16 março de 2022.

4. Costa MV, Borges FA. O pró-PET frente ao processo de formação profissional de saúde. Interface. 2015; 19(Suppl.1):753-63. Disponível em: Link Acesso em: 16 março de 2022.

5. Santos GM, Batista SHSS. Monitoria acadêmica na formação em/para saúde: desafios e possibilidades no âmbito de um currículo interprofissional em saúde. ABCS Health Sci. 2015;40(3):203-7. Disponível em: Link Acesso em: 16 março de 2022.

6. Abreu TO, Spindola T, Pimentel MRAR, Xavier ML, Clos AC, Barros AS. A monitoria acadêmica na percepção dos graduandos de enfermagem. Rev Enferm UERJ. 2014;22(5):507-12. Disponível em: Link. Acesso em: 16 março de 2022.

7. Goudouris E, Struchiner E. Aprendizagem Híbrida na Educação médica: uma revisão Sistemática. Revista Brasileira de Educação Médica. 2015; 39(4): 620-29.

 

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