O ENFERMEIRO NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA HOSPITALAR DURANTE A PANDEMIA DO SARS-CoV-2

Nayane Barros de Souza¹ e Sara Bastos de Oliveira² 

Endereço correspondente: Nayane Barros de Souza do Nascimento – Fortaleza, CE – Brazil – E-mail: nayanesouza20@hotmail.com

Submissão: 18 de Dezembro, 2021 – Modificado: 20 de Dezembro, 2021 – Aceito: 29 de Dezembro, 2021

DOI: https://doi.org/10.55703/27644006010203

 

RESUMO

A Covid-19 é uma doença que se disseminou por vários países no mundo. O contágio se dá por contato com pacientes e materiais infectados, gotículas e aerossóis. O presente estudo objetivou analisar na literatura científica a importância do Enfermeiro no atendimento ao paciente com Covid-19 nos serviços de urgências e emergências hospitalares. Trata-se de um artigo desenvolvido através de pesquisas bibliográficas nas bases de dados MEDLINE, LILACS, BDENF, PUBMED, através dos descritores: “Emergência”; and “Enfermagem”; and “Covid-19”. A identificação dos casos suspeitos de Covid-19 é realizada no primeiro contato do paciente ao serviço de urgência e emergência hospitalar. O enfermeiro responsável pelo atendimento deve atentar-se para sinais de complicações como: dispneia, desconforto respiratório, hipossaturação, posteriormente verificar se há necessidade de suporte ventilatório e realização de oxigenoterapia. Conclui-se que os enfermeiros nos serviços de urgência e emergência hospitalar são responsáveis pela triagem dos casos e manejo clínico de complicações.

Palavras-chave:Covid-19; Emergência; Enfermagem.

 

INTRODUÇÃO

As doenças infecciosas têm repercussão mundial e representam um desafio para a saúde pública por apresentar elevado índice de propagação, como é o caso da Covid-19, doença provocada pelo SARS-CoV-2 que é um vírus da família dos Coronavírus (1). Em dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi advertida sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan (província de Hubei na República Popular da China), posteriormente as autoridades chinesas confirmaram a identificação de uma nova categoria de Coronavírus pertencentes a uma ampla família de vírus que até então não causava doença graves nós seres humanos (2).

Devido ao risco de irradiação do vírus mundialmente, a OMS declarou em janeiro de 2020 o surto do novo Coronavírus como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Contudo, a doença (Covid-19), elevou-se em curto período em todos os continentes, classificando-a como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março de 2020 (2).

Informações contidas nas Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19 mostram que a transmissão do vírus ocorre principalmente por contato próximo e desprotegido com secreções ou excreções de pacientes infectados (gotículas salivares e aerossóis) (3). Nesse contexto, o Ministério da Saúde (MS) estabeleceu medidas sistemáticas para o combate e enfrentamento contra a Covid-19, frisando o distanciamento social, a etiqueta respiratória e de higienização das mãos, o uso de máscaras, a limpeza e desinfeção de ambientes, o isolamento de casos suspeitos e confirmados, e a quarentena dos contatos dos casos de Covid-19, conforme orientações médicas (4).

Segundo Protocolo de Manejo Clínico da Covid-19 na Atenção Especializada, a maioria dos pacientes contaminados pela Covid-19 são susceptíveis a desenvolver a forma leve da doença, e cerca de 14% a forma grave que necessitam de oxigenoterapia, e em torno de 5% precisaram de tratamento em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Dos clientes críticos, a maioria necessitará de ventilação mecânica. Sendo a pneumonia o diagnóstico mais comum em pacientes que apresentarem quadro grave da patologia (5).

De acordo com balanço geral divulgado pelo Ministério da Saúde em 19/06/2021, o número de acometidos pela Covid-19 registrados em todo o país chegou a 17,883 milhões. Desse total, 16,183 milhões de pessoas já se recuperaram, o que equivale a 90,5% dos infectados e 1,199 milhão seguem em acompanhamento pelas secretarias estaduais de saúde, porém o número de óbitos pela pandemia já chegou a 500.800 mil casos no país (6).

Com o intuito de prevenção e controle do novo Coronavírus, o Ministério da Saúde (MS) lançou fluxogramas de atendimento em todos os níveis de atenção à saúde, que facilitasse a triagem rápida dos pacientes com suspeita de Covid-19, ampliou o atendimento nos serviços de urgência e emergência, e modificou a triagem realizada pelos enfermeiros nas emergências para tentar restringir o contato dos pacientes no ambiente, visto que esse contato passou a ser considerado área de foco para transmissão da Covid-19 (7).

Nos setores de emergência hospitalar, os enfermeiros assistenciais são os principais atores no desenvolvimento de um cuidado seguro e humanizado, culminando em um atendimento integral e seguro prestado a cada paciente atendido no serviço de emergência, realizando acompanhamento e monitoração da evolução dos clientes infectados ou com suspeita da doença, atuando de maneira ativa na tomada de decisões e gerenciando o cuidado da equipe, de modo a assegurar uma assistência de enfermagem qualificada (8).

A relevância do estudo consiste no alto índice de pessoas contaminadas pelo novo Coronavírus, assim como na evolução desses pacientes ao óbito. Esses dados motivaram a pesquisar sobre a nova pandemia causada pela Covid-19 que já se estende pelo segundo ano consecutivo.

Diante do exposto, questiona-se: qual a importância do enfermeiro nas urgências e emergências dos serviços hospitalares na pandemia da Covid-19? Com base nesse questionamento, o presente estudo objetivou analisar através da literatura científica a importância do enfermeiro no atendimento ao paciente com Covid-19 nos serviços de urgências e emergências hospitalares.

MÉTODO

O artigo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, realizada entre os meses de maio a junho de 2021, com base em levantamentos de artigos indexados nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), bibliográficas especializada na área de Enfermagem (BDENF), disponíveis na biblioteca virtual em saúde (BVS) através dos descritores: “Emergência”; and “Enfermagem”; and “Covid-19”.

Os critérios de inclusão compreenderam artigos que tratavam sobre a temática, publicados nos últimos cinco anos em língua portuguesa e inglesa, que estavam disponíveis na íntegra para leitura. Através de critérios de exclusão foram selecionados artigos duplicados ou incompletos, cartas e estudos que não se adequaram ao tema proposto. Após adoção dos critérios de inclusão e exclusão, foi realizado uma análise preliminar dos 92 artigos resultantes que se enquadraram com a temática, e posteriormente foi realizada uma breve leitura do título e resumo, sendo selecionado 32 artigos para análise completa. Após leitura completa deles, 09 artigos científicos foram selecionados para compor o estudo final.

Logo depois os artigos foram organizados de maneira que permitiu às autoras examinarem o tema estudado por meio da elaboração da pergunta norteadora, pesquisa detalhada e minuciosa dos textos, extração dos dados, avaliação, síntese dos resultados e verificação da revisão. Salienta-se que os artigos selecionados obedeceram aos critérios de inclusão e pergunta norteadora, em seguida, conciliados com publicações do Ministério da Saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a análise minuciosa dos artigos foi elaborado um quadro que facilitasse a compreensão das principais informações estudadas, contendo o título e ano, nome dos autores, ano de publicação, objetivo e conclusão (Quadro 1).

Quadro 1 Característica das produções científicas acerca de título, autores, anos, objetivo e resultados. 

Título Autor/Ano Objetivo Conclusão
Prevenção relacionada à exposição ocupacional do profissional de saúde no cenário de Covid-19.  GALLASH C.H et al., 2020.  Descrever as principais recomendações sobre ações de prevenção de contágio relacionadas à exposição do Covid-19.  A pandemia do SARS-CoV-2, causador da doença Covid-19, tem transmissão pelo contato próximo e desprotegido com secreções ou excreções de clientes contaminados
Diagnósticos de enfermagem para pacientes com Covid-19. DANTAS T.P et al., 2020.  Identificar as principais manifestações clínicas da doença elencando os principais diagnósticos de enfermagem para pacientes com Covid-19.  Os sintomas comuns presentes na fase aguda do Covid-19 são: fadiga, tosse, hipertermia e dispneia. 
Sing the Systems Engine e ring Initiative for Patient Safety (SEIPS) model to describe critical care nursing during the SARS-CoV-2 pandemic (2020).  LUMLEY, C, et al., 2020.  Descrever sistematicamente a evolução da enfermagem no cuidado aos pacientes com Covid-19 e propor um modelo assistencial.  A sistematização em enfermagem auxilia no cuidado ao paciente com Covid-19, concentra-se em testes de drogas ou resultados de pacientes, embora outras pesquisas possam estar surgindo.
Managing the supportive care needs of Those affected by

Covid-19.

BAJWAH S et

al., 2020.

Orientar os profissionais de saúde na linha de frente quanto ao manejo e cuidados de pacientes graves com

Covid-19

Os fluxogramas de atendimento em nível hospitalar disponibilizado pelo Ministério da Saúde (MS) facilitam sem dúvida a triagem rápida dos pacientes
Provision of emergency maxillofacial service during the Covid-19 pandemic: a collaborative five centre UK study. BLACKHA L.L et al., 2020. Monitorar prospectivamente a apresentação e o manejo de paciente nas emergências em cinco hospitais Houve uma mudança significativa na oferta de serviço de emergência durante o bloqueio pandêmico.
Atuação do enfermeiro

emergência na pandemia de covid-19: Revisão narrativa da

literatura

THOMAS L.S

et al., 2020.

Identificar a atuação do enfermeiro emergência frente a pandemia de Covid-19 nos serviços de emergência hospitalares. Evidenciou a relevância da atuação do enfermeiro como protagonista nos serviços de emergência hospitalares, desempenhando ações gerenciais e assistenciais no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
The Incubation Period of Coronavirus Disease 2019 (covid-19) From Publicly

Reported Confirmed Cases: Estimation and App, lication.

LAUER S.A

et al., 2020.

Estimar a duração do período de incubação do Covid-19 e descrever suas implicações para a saúde pública.  O período médio de incubação do vírus foi estimado em 5,1 dias (IC 95%, 4,5 a 5,8 dias), e 97,5% daqueles que desenvolveram sintomas em 11,5 dias (IC, 8,2 a 15,6 dias) após a infecção.
he Indispensability of Nurses in Public Heamlth Emergencies: Lessons LearnedFrom the Coronavirus Disease Pandemic in Africa AKINOKUN R.T et al., 2021. Descrever a indispensabilidade dos enfermeiros em emergências de saúde pública. É essencial que os enfermeiros continuem a aprimorar suas habilidades e conhecimentos, informar políticas e conduzir pesquisas sobre maneiras eficazes de lidar com futuras emergências de saúde pública.
Covid-19 and Ecmo: the interplay between coagulation and inflammation-a narrative review.  KOWALEWS K.I.A et al., 2021.  Avaliar a eficácia da oxigenação por membrana extracorpórea veno-venosa (V-V ECMO) na insuficiência respiratória aguda, induzido por SARS-CoV-2.  Os resultados com terapia por ECMO não mostram evidência relevante de benefício, porém está recomendada para aqueles pacientes com idade inferior a 65 anos, nos quais as terapias com oxigenoterapia, pronação, ventilação mecânica, não conseguem manter parâmetros ventilatórios satisfatórios. 

Fonte: Autoras, 2021.

Após a leitura dos artigos disponíveis na íntegra sobre o tema proposto, observou-se que a doença se manifesta como um quadro viral. Isso se dá devido à replicação crescente do vírus e sua interação com as células do hospedeiro, especialmente através dos receptores da enzima conversora da angiotensina 2 (ECA 2), uma proteína de membrana integral do tipo I com várias funções fisiológicas que está presente em diversas células humanas, como epitélio pulmonar, células hepáticas, do trato gastrintestinal e especialmente no íleo e cólon (9).

Um estudo realizado em 2020 sobre a Covid-19 (9), aponta que ela é uma doença caracterizada pela resposta imunológica do paciente com várias reações inflamatórias e pela fase de hiper inflamação considerada grave e de difícil resposta terapêutica. Isso dá-se devido à tempestade de citocinas liberadas no organismo como Linfo-Histiocitose Hemofagocítica (LHHF), podendo levar ao hospedeiro várias complicações.

Segundo Lumley et al. (2020), a gravidade da patologia pode estar associada à idade do paciente e presença de morbidades, como distúrbios respiratórios crônicos, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e agravos oncológicos. Contudo, a mortalidade relacionada à Covid-19 pode decorrer em complicações como insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, complicações cardiovasculares e renais, sepse e coagulação intravascular disseminada.

Para Bajwah et al. (2020), o principal condutor da falta de ar é a infecção pulmonar viral que causa uma pneumonia intersticiacional com redução da capacidade de difusão pulmonar; podendo evoluir em alguns pacientes a síndrome de angústia respiratória aguda (SARA). Contudo a falta de ar pode ser influenciada por fatores emocionais, ambientais, culturais e sociais, e a gestão ideal requer uma abordagem holística.

A infecção causada pelo Coronavírus possui um amplo espectro clínico com manifestações leves da doença e/ou potencialmente grave com falência de múltiplos órgãos. Na primeira semana da doença, classificada como fase de infecção aguda, os sintomas sistêmicos predominantes são manifestações respiratórias e digestivas que tendem a ser leves com melhora transitória e relativa (10). Já a segunda, também conhecida como fase pulmonar, alguns pacientes podem apresentar manifestações características de pneumonia viral ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com diferentes níveis de gravidade.

Entretanto, a terceira semana denominada fase de convalescença, é marcada por melhora lenta e progressiva da adinamia e da tosse (12).

O reconhecimento precoce dos sintomas e o diagnóstico rápido da doença são essenciais para impedir a transmissão e propagação da doença, assim como fornecer cuidados especializados e suporte ventilatório em tempo hábil. Vale salientar que o período de incubação da mesma varia entre o quinto e o sexto dia, com capacidade de se estender em até 14 dias após a contaminação do paciente com o vírus (3).

O diagnóstico diferencial da doença influencia significativamente no prognóstico do paciente, visto que os sintomas comuns a serem identificados são: temperatura maior ou igual a 37,8 °C, anorexia, tosse com produção de escarro, dispneia, dor de garganta, mialgia, confusão, fadiga. As manifestações clínicas menos comuns são alterações dermatológicas, conjuntivite, miocardite e distúrbios neurológicos (3).

No estudo de Dantas et al. (2020), houve variação de manifestação dos sintomas entre adultos, crianças, gestantes e idosos. Os mais comuns são: a dispneia em quase todos os públicos, seguida de náuseas e vômitos, diarreia, hipertermia, tosse, cefaléia e fadiga. Em gestantes os sintomas foram incomuns, sendo eles mal-estar, insônia, depressão, estresse, dor no peito, calafrios e mialgia. Em idosos, o sintoma que chamou atenção foi a hemoptise.

Segundo dados das Diretrizes de diagnóstico da Covid-19, existem exames para confirmação da doença que facilita o atendimento desses pacientes, dentre os mais solicitados estão: hemograma completo, RT-PCR para SARS-CoV-2, sorologia ELISA, IGM, IGG para SARS-CoV-2, teste molecular rápido para Coronavírus, eletrocardiograma e tomografia computadorizada de tórax (3).

Nesse cenário, várias drogas, como antivirais, antimaláricos, antibióticos, anti-inflamatórios, anticorpos monoclonais, anticoagulantes, estão sendo empregadas, porém, sem consenso e com respostas variadas dos receptores (9).

Alguns exemplos das modalidades de terapia de suporte empregadas são os antibióticos como azitromicina, vancomicina, ceftriaxona, cefepima e levofloxacino. A utilização de corticosteroides é preconizada nos casos de exacerbação de asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ou em casos de choque séptico. São indicados também inibidores da bomba de próton (omeprazol) para os pacientes com risco de sangramento gastrintestinal, e para os que estão apresentando dispneia, tosse, sibilo e dificuldade respiratória, sugere-se o uso de anticolinérgicos como brometo de ipratrópio (3).

O estudo de Gallasch et al. 2020, mostra que para lidar com uma pandemia de grande proporção, é de suma importância uma estrutura hospitalar que possibilite tomada de decisões de maneira rápida e adequada para poder controlar a propagação do vírus, sendo associado a uma rede integrada aos sistemas de Saúde Pública que proporcione um melhor enfrentamento dos profissionais envolvidos frente à nova realidade sanitária. Com esse intuito foi criado estratégias para suprir um novo perfil de atendimento nos epicentros. A primeira mudança nos serviços de atendimento de urgência e emergência foi epidemiológica (mudança no atendimento no perfil dos pacientes) e a segunda modificação se deu no âmbito da triagem (7). Posteriormente veio os fluxogramas de atendimento ao nível hospitalar disponibilizado pelo Ministério da Saúde (MS) com triagem rápida dos pacientes (11).

O fluxograma, segue um padrão de atendimento conforme as respostas dos clientes, sendo eles encaminhados para atendimento de rotina estabelecido conforme a instituição, ou realizada classificação de risco para o atendimento conforme sua gravidade (11). Segue abaixo figura 1 do fluxograma para atendimento dos pacientes com sintomas respiratórios em unidade de urgência hospitalar.

Figura 1 — Fluxograma para atendimento dos pacientes com sintomas respiratórios em unidade de urgência hospitalar.

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil / Organização Mundial da Saúde (OMS), 2020.

A doença ocasionada por Coronavírus (Covid-19) afetou o bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo, sobrecarregando o sistema único de saúde, causando colapso na rede pública. Os enfermeiros instituem a maior força de trabalho dentro nas unidades de serviços hospitalares, exercendo papéis essenciais na prevenção de enfermidades, promoção de saúde, reconhecimento das complicações e tratamento de doenças, evitando sofrimento (15).

Com o advento de uma pandemia e o elevado índice, o enfermeiro, muitas vezes, passa a ser o profissional responsável pela primeira assistência prestada ao paciente devido a sua competência, autonomia e segurança profissional para conduzir os casos, sendo estes, considerados de menor ou maior risco. O enfermeiro emergencista tem capacidade de desenvolver ações que podem organizar o atendimento, baseado em protocolos, normativas e fluxogramas pré-estabelecidos por organizações, demandando a melhoria da assistência ao paciente. É de suma importância que toda a equipe conheça os procedimentos que serão realizados quando um paciente der entrada na emergência hospitalar com sintomas da Covid-19 (8).

Os profissionais de enfermagem são referenciados para atender pacientes que necessitam de atendimento de emergência em hospitais, com a função adicional de ser o mais próximo dos indivíduos infectados, ajudando a atender às suas necessidades imediatas (15). Eles são responsáveis pela triagem dos pacientes com suspeita de Covid-19, atentando-se às queixas, principalmente aos sintomas respiratórios, por avaliar condições e fatores de risco, por certificar adesão do paciente quanto às medidas de precaução recomendadas pela equipe no atendimento e adoção da terapia implementada no cuidado (13).

A triagem é um dos papéis importantes que os enfermeiros de urgência e emergência vem desempenhando constantemente, cujo objetivo é avaliar a prioridade de cada cliente, conforme o estado de saúde, o potencial risco e agravamento, distinguir ativamente os pacientes que estão com a doença e classificá-los segundo o nível de gravidade (15).

Para Thomas et al. (2020), um atendimento rápido e objetivo pode prever a probabilidade de complicações causadas pela Covid-19. Gallasch et al. (2020) ressaltam a importância dos enfermeiros serem capacitados para o reconhecimento precoce dos sintomas da doença, por um atendimento qualificado e eficiente, propondo a identificação dos casos suspeitos no primeiro contato do paciente ao serviço hospitalar.

A assistência de enfermagem prestada ao paciente com Covid-19 é fundamental para a detecção e avaliação dos casos suspeitos, manejo correto dos infectados, assim como evitar possíveis complicações vinculadas à doença. Nesse contexto, a importância da identificação correta dos sintomas da doença, através de um atendimento especializado pela equipe de enfermagem no contato inicial do paciente na unidade de serviço hospitalar é indispensável (3).

O enfermeiro tem capacidade técnica e cumpre todos os requisitos para realizar a classificação de risco dos pacientes, para reconhecer aqueles com agravamento dos sintomas da doença, tais como: dispneia, desconforto respiratório, saturação de oxigênio inferior ao recomendado (90% a 94%), e de identificar os que apresentarem piora clínica. O mesmo deverá avaliá-los de maneira minuciosa, e certificar a indispensabilidade de suporte ventilatório com maior monitoramento e adoção de oxigenoterapia que se enquadre na necessidade do cliente, bem como a realização de exames complementares e verificar também a necessidade transferência hospitalar para serviço especializado (8).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pacientes infectados pelo Coronavírus podem desenvolver a Covid-19, apresentando sintomas leves, sendo que a febre, a cefaleia e a dor de garganta estão entre os principais sintomas. Todavia, esses clientes têm riscos de evoluir com complicações severas, dentre as quais se destaca a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), sepse ou intercorrências cardiovasculares. Existe um fluxograma de atendimento disponibilizado pelo Ministério da Saúde (MS) que facilita a triagem dos pacientes com suspeita da doença nos Serviços de saúde.

Os enfermeiros atuantes, nas unidades de urgência e emergência são responsáveis por reconhecer os sintomas da Covid-19 e pelo manejo correto dos clientes, atentando-se para os indícios de complicações e agravamento da patologia, empenhando em uma assistência individualizada conforme a necessidade de cada cliente.

O estudo apresentou limitações acerca da importância do enfermeiro nas urgências e emergências hospitalares durante a pandemia do SARS-CoV-2. A justificativa para isso foi a pouca abordagem do tema na literatura, e portanto, sugerimos que mais pesquisas abordem a temática estudada.

 

REFERÊNCIAS

1.Venturini, L; Kinalski, S.S; Benetti E.R.R. Aspectos gerontológicos do cuidado crítico às pessoas idosas com covid-19. In: Santana RF. Enfermagem gerontológica no cuidado do idoso em tempos da COVID 19. 2.ed.rev. Brasília, DF: Editora ABEn; 2020. P.55-60. (Série Enfermagem e Pandemias, 1). Disponível em: Link. Acesso em: 24 maio. 2021.

2. World Health Organization. Histórico da pandemia de COVID-19. Disponível em: Link. Acesso em: 28 dez. 2021.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação de gestão de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas – cpcdt. Diretrizes para diagnóstico da COVID-19. Disponível em: Link. Acesso em: 27 jun. 2021

4. Brasil. Ministério da Saúde. Como se proteger? Disponível em: Link. Acesso em: 26 dez. 2021

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência. Protocolo de manejo clínico da Covid-19 na Atenção Especializada [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência. – 1. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 48 p.: il. Disponível em: Link. Acesso em: 26 dez. 2021

6. Peduzzi, P. Brasil registra mais de 500 mil mortos por covid-19. Empresa Brasileira de Comunicação. Disponível em: Link. Acesso em: 24 maio. 2021.

7. Blackhall, K.K., Downie, I. P, Ramchandani, P, Shields, H., Brennan, P. A., & Singh, R. P. (2020). Provision of Emergency Maxillofacial Service During the COVID-19 Pandemic: A Collaborative Five.

9.kowalewski, M. et al. COVID-19 e ECMO: a interação entre coagulação e inflamação – uma revisão narrativa. Crit Care. V.24, n.205. 2020. Disponível em: Link. Acesso em: 10 de jun. 2021.

10. Lumley, C. et al. Using the Systems Engine ering Initiative for Patient Safety (SEIPS) model to describe critical care nursing during the SARS-CoV-2 pandemic (2020). Nurs Crit Care. V.25, n.25, p.203–205, junho 2020. Disponível em: Link. Acesso em: 18 maio. 2021.

11. Bajwah, S et al. Managing the supportive care needs of those affected by COVID-19. Eur Respir J. v. 55. N. 2000815. 2020. Disponível em: Link. Acesso em: 08 jun. 2021.

12. Lauer S.A et al. The Incubation Period of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) De Casos Confirmados Publicamente Reportados: Estimativa e Aplicação. Ann Intern. Med. 5 de maio de 2020. V. 172. N.9. p.577-582. Disponível em: Link. Acesso em: 19 de jun. 2021.

13.Dantas, T.P et al. Diagnósticos de enfermagem para pacientes com COVID-19. Journal Health NPEPS, v.5. n.1 p.396-4. Jan-jun 2020. Disponível em: Link Acesso em: 17 maio. 2021.

14.Gallasch, C.H, et al. Prevenção relacionada à exposição ocupacional: COVID-19. Ver. Enferm UERJ, Rio de Janeiro. V. 28: n.49596. Abril 2020. Disponível em: Link. Acesso em: 29 jun. 2021.

15. Akinokun, R.T, Salau, K.A, Sulaiman, A. A. The Indispensability of Nurses in Public Health Emergencies: Lessons Learned from the Coronavirus Disease Pandemic in Africa. Journal of Emergency Nursing Cross Ref. V.47. Ed. 3. Maio 2021. Disponível em: Link. Acesso em: 22 jun. 2021.

 

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