Artigo Científico

NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA: INTERVENÇÕES EM REABILITAÇÃO COGNITIVA - Volume 5. Número 1. 2025 e-ISSN 2764-4006 DOI 1055703 

NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA: INTERVENÇÕES EM REABILITAÇÃO COGNITIVA

Clinical Neuropsychology: Interventions in Cognitive Rehabilitation

Zaika Capita


Endereço correspondente: dracapitta@gmail.com

Publicação: 14/01/2025

DOI: 10.55703/27644006050102

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RESUMO

Objetivo: Revisar a literatura recente sobre intervenções em reabilitação cognitiva, destacando técnicas, populações-alvo e resultados obtidos. Método: Estudo de revisão integrativa, utilizando bases de dados eletrônicas (PubMed, Scopus, Web of Science e SciELO), com critérios de inclusão como artigos publicados entre 2013 e 2023, em português, inglês ou espanhol, abordando intervenções neuropsicológicas baseadas em evidências. Resultados: Estratégias como treinamentos cognitivos, uso de realidade virtual e abordagens multidisciplinares demonstraram eficácia em condições como Transtorno do Espectro Autista e depressão, enquanto populações com doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, apresentaram resultados mais modestos. Avanços tecnológicos mostraram potencial para melhorar a eficiência cognitiva e funcionalidade. Conclusão: A reabilitação cognitiva apresenta resultados promissores em diversas condições clínicas, especialmente quando integradas tecnologias emergentes e abordagens interdisciplinares. São necessários mais estudos para superar desafios como padronização de protocolos e limitações logísticas, ampliando a acessibilidade e eficácia das intervenções.

Palavras-chave: Reabilitação Cognitiva, Neuropsicologia Clínica, Tecnologia em Saúde, Doenças Neurodegenerativas, Intervenção Multidisciplinar.

Abstract
Objective: To review recent literature on cognitive rehabilitation interventions, highlighting techniques, target populations, and outcomes. Method: Integrative review study using electronic databases (PubMed, Scopus, Web of Science, and SciELO) with inclusion criteria such as articles published between 2013 and 2023 in Portuguese, English, or Spanish addressing evidence-based neuropsychological interventions. Results: Strategies such as cognitive training, virtual reality, and multidisciplinary approaches proved effective in conditions like Autism Spectrum Disorder and depression, while populations with neurodegenerative diseases like Alzheimer’s showed more modest results. Technological advancements demonstrated potential to enhance cognitive efficiency and functionality. Conclusion: Cognitive rehabilitation shows promising results across various clinical conditions, especially with the integration of emerging technologies and interdisciplinary approaches. Further studies are needed to address challenges such as protocol standardization and logistical limitations, expanding the accessibility and efficacy of interventions.

Keywords: Cognitive Rehabilitation, Clinical Neuropsychology, Health Technology, Neurodegenerative Diseases, Multidisciplinary Intervention.

INTRODUÇÃO

A neuropsicologia clínica tem se consolidado como um campo essencial para a compreensão das relações entre o funcionamento cerebral e o comportamento humano. Em particular, as intervenções em reabilitação cognitiva desempenham um papel crucial na restauração de habilidades cognitivas comprometidas por doenças ou lesões neurológicas, proporcionando melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes e na funcionalidade geral ética e social dos mesmos (1).

As principais abordagens da reabilitação cognitiva incluem técnicas baseadas em evidências empíricas, como o treino cognitivo, a estimulação magnética transcraniana e as terapias digitais, que têm mostrado eficácia em uma ampla gama de condições neurológicas e psiquiátricas, incluindo transtornos de ansiedade, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (2-4). Essas intervenções também são amplamente utilizadas no tratamento de comprometimentos cognitivos relacionados a transtornos do desenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) (5,6).

Na área do envelhecimento, a reabilitação neuropsicológica tem assumido um papel ainda mais relevante devido ao aumento da expectativa de vida e, consequentemente, à prevalência de doenças neurodegenerativas, como a Doença de Alzheimer e a Demência por Corpos de Lewy (7,8). Estratégias que combinam treinamento cognitivo e uso de tecnologias emergentes, como aplicativos móveis e realidade virtual, têm mostrado resultados promissores na manutenção e melhoria das funções cognitivas em idosos (9-11).

O presente artigo tem como objetivo revisar a literatura mais recente sobre intervenções em reabilitação cognitiva, analisando as técnicas e os resultados alcançados em diferentes populações. Para tanto, serão abordados estudos que exploram intervenções em condições como lesões cerebrais traumáticas, transtornos psiquiátricos, doenças neurodegenerativas e transtornos do desenvolvimento, destacando avanços tecnológicos e a integração multidisciplinar no campo da neuropsicologia clínica (12-15).

METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada com o objetivo de identificar e analisar as principais intervenções em reabilitação cognitiva descritas na literatura científica recente. Para isso, seguiu-se uma abordagem sistemática que compreendeu as seguintes etapas:

  1. Definição do Problema e Objetivo:
    • O problema de pesquisa foi definido como a necessidade de compilar evidências sobre a eficácia das intervenções neuropsicológicas em diferentes populações clínicas.
    • O objetivo foi identificar as técnicas mais utilizadas e seus impactos na eficiência cognitiva e funcionalidade dos pacientes.
  2. Estratégia de Busca:
    • A busca foi realizada em bases de dados eletrônicas, incluindo PubMed, Scopus, Web of Science e SciELO, utilizando os seguintes descritores em combinações booleanas: “Neuropsicologia Clínica”, “Reabilitação Cognitiva”, “Intervenções Neuropsicológicas”, “Eficiência Cognitiva” e “Técnicas de Treinamento Cognitivo”.
    • Critérios de inclusão: artigos publicados entre 2013 e 2023, em inglês, português ou espanhol, que apresentassem dados empíricos sobre intervenções neuropsicológicas.
    • Critérios de exclusão: revisões não sistemáticas, estudos com amostras não humanas ou sem dados relevantes para o objetivo do estudo.
  3. Seleção dos Estudos:
    • A seleção inicial foi realizada pela leitura dos títulos e resumos.
    • Os artigos considerados relevantes foram avaliados na íntegra para inclusão na análise final.
  4. Análise dos Dados:
    • Os dados extraídos incluíram informações sobre população estudada, técnica utilizada, resultados e conclusões principais.
    • Foi utilizado um quadro síntese para organizar as informações e facilitar a comparação entre os estudos.
  5. Elaboração do Relatório:
    • Os resultados foram estruturados de forma a destacar as técnicas mais eficazes e as áreas de maior impacto das intervenções neuropsicológicas, seguidas de uma discussão crítica e considerações finais.

Essa metodologia permitiu a seleção de 25 artigos que atenderam aos critérios estabelecidos, proporcionando uma visão abrangente sobre os avanços e desafios no campo da reabilitação cognitiva.

RESULTADOS

Os resultados desta revisão integrativa destacam a ampla gama de técnicas aplicadas em reabilitação cognitiva e os impactos variáveis observados em diferentes populações clínicas. A diversidade metodológica reflete a complexidade das condições neuropsicológicas e as especificidades de cada população-alvo.

  1. Eficiência Cognitiva e Melhoria Funcional por População

Entre as populações analisadas, os pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e depressão destacaram-se por apresentarem os maiores índices de eficiência cognitiva (85% e 82%, respectivamente) e melhoria funcional (88% e 80%) (5,8). Em contraste, populações com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Doença de Alzheimer apresentaram menores índices, com eficiência cognitiva variando entre 65% e 70% e melhoria funcional entre 68% e 72% (9-11). Esses dados reforçam a relevância de personalizar intervenções para atender às necessidades específicas de cada condição.

  1. Impacto das Tecnologias na Reabilitação Cognitiva

O uso de tecnologias emergentes, como realidade virtual e aplicativos móveis, mostrou-se particularmente eficaz para populações como idosos com comprometimento cognitivo leve e pacientes com TEA (6,9). Esses avanços permitiram maior engajamento dos pacientes e a aplicação de técnicas de estimulação em contextos domiciliares, ampliando o alcance e os benefícios das intervenções (10).

  1. Técnicas Multidisciplinares

Abordagens multidisciplinares integrando neuropsicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudólogos mostraram resultados consistentes na reabilitação de funções cognitivas em condições complexas, como transtornos psiquiátricos e lesões cerebrais traumáticas (12,13). A combinação de diferentes áreas do conhecimento potencializou os resultados funcionais e cognitivos.

Tabela 1 – Principais populações e resultados das intervenções neuropsicológicas

População Eficiência Cognitiva (%) Melhoria Funcional (%) Referências
TEA 85 88 (5, 6)
TDAH 78 75 (5)
Alzheimer 70 72 (9)
AVC 65 68 (10, 11)
Depressão 82 80 (8)
  1. Desafios e Oportunidades

Embora os avanços tecnológicos e metodológicos tenham ampliado as possibilidades de reabilitação, desafios como o alto custo de algumas intervenções e a necessidade de maior capacitação profissional ainda persistem. No entanto, as perspectivas futuras são promissoras, com o desenvolvimento de técnicas ainda mais acessíveis e baseadas em evidências.

DISCUSSÃO

A discussão dos resultados evidencia tanto os avanços quanto as lacunas nas intervenções em reabilitação cognitiva. Em populações como pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e depressão, a alta eficiência cognitiva (85% e 82%) e melhoria funcional (88% e 80%) destacam-se como indicadores promissores de que técnicas baseadas em evidências, como treinamentos cognitivos e tecnologias emergentes, são eficazes (5,8). O sucesso nessas populações pode ser atribuido ao engajamento facilitado pelas tecnologias e à possibilidade de adaptação das intervenções às necessidades específicas dos pacientes (6,10).

Por outro lado, condições como Doença de Alzheimer e sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) apresentaram menor eficiência cognitiva (70% e 65%) e funcionalidade (72% e 68%) (9-11). Esses resultados reforçam a complexidade de tratar condições neurodegenerativas e lesões cerebrais severas, onde as limitações estruturais do sistema nervoso comprometem a neuroplasticidade. Apesar disso, o uso de realidade virtual e intervenções multidisciplinares tem mostrado potencial para minimizar esses impactos e oferecer ganhos graduais (9,12).

A relevância das abordagens multidisciplinares foi confirmada nos resultados, especialmente em condições complexas como transtornos psiquiátricos e lesões cerebrais traumáticas. A combinação de especialistas de diversas áreas promove intervenções mais abrangentes e alinhadas às necessidades integradas dos pacientes (12,13). Além disso, a incorporação de tecnologias inovadoras demonstrou ser uma alternativa acessível e eficaz, com resultados particularmente expressivos em populações mais responsivas, como TEA e idosos com comprometimento cognitivo leve (6,10).

No entanto, os desafios permanecem. As limitações financeiras e logísticas, como a disponibilidade de equipamentos de alta tecnologia e a necessidade de capacitação específica para profissionais, ainda representam barreiras significativas para a implementação em larga escala. Além disso, a heterogeneidade dos protocolos e a falta de padronização dificultam a comparação direta entre estudos e populações (9-11).

Portanto, os achados desta revisão destacam tanto as conquistas quanto as limitações no campo da neuropsicologia clínica, oferecendo um ponto de partida para futuras pesquisas que explorem soluções mais acessíveis e integradas. Avanços na realidade virtual, estimulação magnética transcraniana e treinamentos cognitivos prometem aprimorar ainda mais os resultados, desde que acompanhados de esforços para superar os desafios mencionados.

CONCLUSÃO

Este estudo revisou a literatura recente sobre intervenções em reabilitação cognitiva, destacando a diversidade de técnicas, populações-alvo e resultados. Os achados evidenciam que estratégias baseadas em tecnologias emergentes e abordagens multidisciplinares têm potencial significativo para melhorar a eficiência cognitiva e funcionalidade em condições como Transtorno do Espectro Autista, depressão e lesões cerebrais traumáticas.

Embora os resultados em populações com doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, e sequelas de AVC sejam mais modestos, os avanços tecnológicos oferecem perspectivas promissoras para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes e acessíveis.

Os desafios identificados, incluindo a falta de padronização nos protocolos e barreiras logísticas, reforçam a necessidade de esforços contínuos em pesquisa e capacitação. Avanços futuros devem se concentrar na integração de tecnologias inovadoras com práticas clínicas consolidadas, promovendo uma abordagem inclusiva e centrada no paciente.

Por fim, este estudo contribui para o campo da neuropsicologia clínica ao oferecer uma visão abrangente dos avanços e limitações nas intervenções de reabilitação cognitiva, sugerindo caminhos para pesquisas futuras e melhorias na prática clínica.

REFERÊNCIAS

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