REVISTA CIENTÍFICA IPEDSS: A CIÊNCIA A FAVOR DA SAÚDE E SOCIEDADE
ISSN 2764-4006
DOI 1055703
Volume 2. Número 3.
Petrolina, 2022.
LESÕES POR PRESSÃO: AÇÕES PARA PREVENÇÃO DE LESÃO EM IDOSOS EM UTI
Danielle Cristine Alves Ferreira da Silva1, Luanna Alves Silveira de Holanda2, Bianca Magalhães Santos Rocha Castro3, Henrique Silva Pinheiro4, Mikaely Neves da Silva5 e Tássia Cristina Carneiro Franco6
Endereço correspondente: Danielle Cristine Alves Ferreira da Silva – Jaboatão dos Guararapes – PE – Brazil – E-mail: danielecris1@hotmail.com
Submissão: 07 de Setembro, 2022 – Modificação: 14 de Setembro – Aceito: 28 de Setembro, 2022
DOI: https://doi.org/10.55703/27644006020304
RESUMO
O trabalho teve como objetivo enfatizar as ações de enfermagem na prevenção de lesões por pressão em UTI. Utilizando o método de uma revisão de literatura, a seleção da amostragem foi realizada a partir dos bancos de dados SCIELO, LILACS, BDENF, Livros, COREN e COFEN, no período de 2012 a 2022, sendo pesquisados 1369 artigos em português, inglês e espanhol e 3 livros. Após os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 5 trabalhos. Por meio deles notou-se que a maioria dos enfermeiros conhecem a SAE, escala de Braden e os cuidados para prevenção de lesões, porém, alguns relataram dificuldade na execução por falta de tempo ou condições de trabalho. Também foi perceptível alto índice de novas lesões cutâneas na ausência do cuidado devido. Os objetivos foram alcançados e foi evidenciado a necessidade de novos estudos com outros instrumentos para prevenção de LPP em idosos em ambiente de UTI.
Palavras-chave: Lesão por pressão; UTI; Enfermagem.
INTRODUÇÃO
A Lesão Por Pressão (LPP) tem por definição dano à pele e/ou tecidos moles subjacentes, normalmente em áreas de proeminência óssea ou por dispositivo médico. Acontece devido a pressão excessiva e/ou cisalhamento da pele (1). O National Pressure Ulcer Advisory Panel, organização norte-americana responsável pela prevenção e o tratamento de lesões por pressão, anunciou uma mudança na terminologia úlcera por pressão. Atualmente o termo correto a ser utilizado pela equipe da saúde, para a descrição das lesões de pele íntegras e ulceradas, é “lesão por pressão” (2).
Sabe-se que as lesões são classificadas em quatro estágios. O estágio I compreende uma área vermelha ou descolorida que persiste na pele; o estágio II se observa a perda parcial de camadas da pele, o leito com aspecto de ferida rosada, raso, mas aberto ou uma pústula aberta ou rompida; o estágio III é marcado por lesões profundas na pele, nas quais o tecido subcutâneo pode ser visualizado; o estágio IV é a fase de exposição muscular ou óssea; e instável mostra espessura total ou perda de tecido, na qual a base da ferida é coberta por necrose ou escara (3).
O surgimento destas lesões é um episódio preocupante nos hospitais, devido ao maior tempo de internação, alto custo com materiais e profissionais e impacto na saúde do paciente e família. Pois os riscos de infecção e piora clínica do paciente acamado aumentam, quando inexistem práticas e cuidado correto. Os fatores de risco são inerentes à condição do paciente, porém, podem e devem ser minimizados. Os fatores comuns como idade avançada e perda de sensibilidade, são mais difíceis de serem controlados. Porém, fatores como a umidade, pressão, fricção ou cisalhamento podem ser evitados. Diante disso, usa-se o índice de surgimento de LPP como indicador de qualidade do serviço de enfermagem (4).
Na equipe de enfermagem o enfermeiro é o detentor do respaldo técnico-científico para estabelecer intervenções que visem minimizar os eventos indesejados ao paciente, ficando responsável por adotar medidas preventivas ao surgimento da LPP (5). As medidas muito utilizadas e simples como: mudança de decúbito, hidratação da pele, utilização de suporte, proteção das saliências ósseas, manutenção da higiene do leito e paciente, são identificadas como eficazes. Também tem-se a educação continuada dos profissionais e o dimensionamento e distribuição correta da equipe, como medida preventiva (4).
Outra importante medida é a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), normatizada pela resolução de Nº 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) que regulamenta a implantação do processo de enfermagem em toda e qualquer unidade de assistência à saúde, seja no setor público ou privado, no qual preste serviços de enfermagem (6). Ela é importante na organização do fazer do enfermeiro, vindo para promover a resolução dos problemas dos pacientes e planejar os cuidados específicos. Seu uso proporciona autonomia ao profissional e padroniza suas ações e cuidados, sendo todos registrados (7). A Escala de Braden (EB) utilizada na SAE é um excelente indicador de saúde e segurança do paciente. Avalia o paciente de forma global e determina os riscos de surgimento da lesão (8).
Por fim, faz-se necessário que as instituições de saúde entendam a relevância da enfermagem imponderada da SAE e estabeleçam ações de fortalecimento, para que haja avanços no processo do cuidar (9). Ações como avaliação das consequências do envelhecimento e propostas de intervenções práticas, proporcionam a manutenção e melhora da saúde do idoso e sua qualidade de vida (10). O presente estudo teve como objetivo enfatizar as ações de enfermagem na prevenção de lesões por pressão em idosos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
METODOLOGIA
Este estudo se deu por revisão de literatura que investigou estudos sobre prevenção de lesões por pressão em idosos em UTI. Foram analisadas legislações e publicações indexadas nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), consultadas por meio do BVS; Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), Banco de Dados de Enfermagem (BDENF). Os Descritores Controlados em Ciência e Saúde (DeCS) utilizados foram: lesão por pressão and idoso and enfermagem. A busca foi realizada no período de fevereiro de 2022.
Os critérios de inclusão foram: período de publicação de 10 anos (2012-2022), disponíveis na íntegra, com os idiomas português, inglês e espanhol e títulos que abordassem a temática do estudo.
Os critérios de exclusão foram: tipos de estudo (estudo de casos, teses e dissertações), fora do período temporal, em duplicidade e títulos fora da temática.
RESULTADOS
No total foram encontradas 1349 publicações científicas, sendo 5 na SCIELO, 53 na BDENF, 1254 na Medline e 37 na Lilacs. Na triagem foram descartados 1129, sendo observados os trabalhos nos requisitos de idioma, título, tipo de estudo e duplicidade. Na fase seguinte de elegibilidade foram lidos 20 resumos, dos quais 5 foram descartados por falta de relevância ao tema abordado. Foi realizada a leitura na íntegra de 15 artigos, dos quais 10 foram descartados por irrelevância e/ou não tratavam diretamente do tema e 5 foram selecionados para a inclusão na revisão.
Figura 1 – Fluxograma para identificação e seleção dos estudos, com base na recomendação PRISMA.
Analisando os 5 artigos selecionados para esta revisão de literatura, nota-se o uso semelhante de tipos de pesquisa. Como forma de deixar a amostra utilizada de forma sistematizada e organizada, estes estudos foram detalhados.
O quadro 1, distribui os estudos de acordo com os resultados voltados aos cuidados de enfermagem na prevenção da LPP. Mesmo sendo estudos distintos, foi possível absorver dados importantes que serão discutidos a seguir.
Quadro 1 – Demonstrativo dos artigos que integram a revisão de literatura segundo as características autor/ano, cidade/ país, metodologia e os principais resultados.
Todos os estudos foram publicados em revistas nacionais, quanto ao idioma teve a prevalência do português (n=4; 80%) e o inglês em minoria com (n=1; 20%), aos anos 2018 e 2019 se destacaram com a prevalência das publicações (n = 2; 40% cada), seguido de 2015 com 1 artigo (n=1; 20%). Em relação à origem, o Brasil se destacou com quatro (n=4; 80%) dos estudos publicados nos estados de Paraíba, Pernambuco, Rondônia e Rio de Janeiro, seguido pela China com um (n=1; 20%) em Hong Kong. Em relação ao tipo de estudo teve a prevalência do tipo descritivo (n=4; 80%) e a minoria revisão integrativa (n=1; 20%), sendo 60% n=3 em abordagem quantitativa e 40%, n=2 em qualitativa.
Os autores abordaram temas distintos para apresentar ferramentas úteis na prevenção da LPP. Quanto ao tema importância da utilização da SAE et al. (2015), abordaram a sua importância e observaram a inexistência da SAE na unidade bem como a ausência da prática de registro, obtendo como consequência, o surgimento de LPP entre 4 e 8 dias de internamento.
LAI, YPI, SHAM (2019), adotaram o tema de correlação entre o tempo de cicatrização das feridas com questões fisiológicas do paciente e o cuidado prestado. Chegando ao resultado da necessidade da aplicação da escala de Norton e parâmetros normais de creatinina.
OLIVEIRA, COSTA, MALAGUITTI (2019), adotaram a análise das intervenções de enfermagem para prevenção de LPP. Chegando a conclusão que práticas como manutenção de pele limpa e seca, gestão de incontinência fecal e urinária, hidratação da pele, mudança de decúbito a cada duas horas e utilização da escala de Braden, são ferramentas importantes na prevenção de LPP.
XAVIER et al (2018) analisaram o conhecimento de 39 enfermeiros sobre a SAE. Observaram que a maioria conhecia sobre a SAE, porém, quando foram entrevistados sobre as fases e quando aplicá-las, 25% deles não souberam descrevê-las e aplicá-las.
DEBON et al (2018) analisaram o conhecimento de 39 enfermeiros sobre a escala de Braden e sua utilização. Os resultados mostraram que 38 enfermeiros entrevistados (97%) declararam-se conhecedores, porém, apenas 28 deles (72%), souberam identificar corretamente todas as etapas, 19 (49%) já vivenciaram a SAE e 33 (85%) mostraram-se interessados em realizar a SAE.
DISCUSSÃO
Confrontando o objetivo do artigo, os resultados mostraram que medidas como utilização da SAE, escala de Braden e cuidados de enfermagem foram fundamentais para a prevenção da instalação da LPP.
Em um estudo de caso, OLIVEIRA, COSTA, MALAGUTTI (2019), observaram e concordaram com DEBON et al (2018) que a escala de Braden é um referencial teórico que fornece informações que apoiam as ações de enfermagem na busca pela prevenção do surgimento da LPP.
Em um estudo tipo revisão integrativa, OLIVEIRA, COSTA, MALAGUTTI, (2019), observaram e concordaram com XAVIER, et al, (2018), JUNIOR et al (2015) e com LAI, YPI e SHAM (2019) que o profissional de enfermagem é fundamental no processo de prevenção, através da aplicação da SAE, Escala de Braden e cuidados de enfermagem e sua utilização de forma correta, traz benefícios aos clientes e às instituições por diminuir o risco de LPP e por consequência diminuir os custos hospitalares.
A escala de Braden é uma ferramenta preditiva na instalação da LPP, ela avalia itens como percepção sensorial, nutrição, umidade, atividade, fricção e cisalhamento e mobilidade, sendo observada como estratégia eficaz na prevenção de lesões.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo conclui que dentro dos objetivos estimados os resultados foram correspondidos, porém, são necessários mais estudos que evidenciem instrumentos para prevenção de LPP em idosos em ambiente de UTI.
Mostrou correlação entre a instalação de LPP e a equipe de enfermagem, sendo observado que os enfermeiros são detentores do conhecimento sobre a utilização da SAE e escala de Braden, porém, situações como instalações precárias, número reduzido de equipe e as inúmeras atribuições e demandas da rotina, impedem que os protocolos e cuidados sejam prestados da forma correta, acarretando a um alto índice de lesões.
REFERÊNCIAS
1. SOBEST. Classificação das lesões por pressão. Consenso NPUAP 2016. Adaptada culturalmente para o Brasil. Disponível em: Link . Acesso em 02 de fevereiro de 2022.
2. COREN-DF. Muda terminologia para Úlcera por pressão. Disponível em: Link. Acesso em 04 de fevereiro de 2022.
3. Lai TT, Yip O, Sham MM. Parâmetros clínicos da cicatrização de feridas em pacientes com doença avançada. Anais de medicina paliativa (enfermagem em cuidados paliativos), 2019: vol 8, suplemento 1. Disponível em: Link. Acesso em 04 de fevereiro de 2022.
4. Oliveira DMN, Costa MML, Malaguitti W. Intervenções de enfermagem para pacientes com lesão por pressão. Rev enferm UFPE on line. 2019;13:e240237 DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2019.24023. Disponível em: Acesso em 03 de março de 2022.
5. Júnior BSS, Silva CC, Duarte FHS, Mendonça AEO, Dantas DV. Análise das ações preventivas de úlceras por pressão por meio da escala de Braden. Rev. ESTIMA, v.15 n.1, p. 10-18, 2017. Disponível em: Link. Acesso em 02 de fevereiro de 2022.
6. COFEN. Resolução Cofen nº 358/2009. Disponível em: Link. Acesso em 04 de fevereiro de 2022.
7. Oliveira RG. Blackbook – Enfermagem, 1ª. ed. Belo Horizonte, MG: Blackbook Editora, 2016.
8. Debon R, Fortes VLF, Rós ACR, Scaratti M. A visão de enfermeiros quanto a aplicação da escala de Braden no paciente idoso. Rev. Fund Care online, 2018 jul/set.; 10(3): 817-823. Disponível em: Link. Acesso em 02 de fevereiro de 2022.
9. Xavier LF, Silva SBM, Nazario YCOS, Oliveira OD, Júnior SLAM. Sistematização da assistência de enfermagem: o conhecimento de enfermeiros do município de Ji-Paran, Rondônia, Brasil. Revista Nursing, 2018: 21 (239): 2110-2113. Disponível em: Link. Acesso em: 02 de março de 2019.
10. Hinkler JL, Cheever KH. Brunner e Suddarth: Tratado de enfermagem médico cirúrgica, 13ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Editora, 2018.
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