ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES HOSPITALARES E SEGURANÇA DO PACIENTE
STRATEGIES FOR PREVENTING HOSPITAL INFECTIONS AND PATIENT SAFETY
José Augusto de Castro1, Antônio Pereira Júnior2, Alessandra Aparecida Rodrigues3, Fernanda Fernandes Santos4, Márcio Soares da Silva Sobral5, Michelle Aparecida de Abreu Brito6, Uilter Goulart de Oliveira7, Vanessa Maria Gonçalves de Souza8
Endereço correspondente: augusto.castro248@gmail.com
Publicação: 31/07/2024
RESUMO
As infecções hospitalares (IH) continuam sendo um dos maiores desafios enfrentados pelos sistemas de saúde em todo o mundo, causando elevadas taxas de morbimortalidade e custos significativos. A prevenção eficaz dessas infecções é fundamental para garantir a segurança do paciente, reduzir o tempo de internação e melhorar os desfechos clínicos. Objetivo: Este estudo tem como objetivo analisar e discutir as principais estratégias de prevenção de infecções hospitalares, bem como avaliar suas implicações na segurança do paciente. Metodologia: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, incluindo artigos publicados entre 2008 e 2023 nas bases de dados PubMed, Scielo e LILACS. Foram utilizados descritores como “infecção hospitalar”, “prevenção de infecções”, “segurança do paciente” e “controle de infecções”. Após a triagem inicial, 25 artigos foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão estabelecidos. Resultados: As estratégias de prevenção identificadas incluem: higienização das mãos (identificada em 15 artigos), uso racional de antimicrobianos (12 artigos), implementação de programas de controle de infecções (10 artigos), educação permanente dos profissionais de saúde (8 artigos) e uso de tecnologias avançadas de prevenção (6 artigos). A higienização das mãos mostrou-se a medida mais eficaz e simples, podendo reduzir significativamente a transmissão de patógenos. O uso racional de antimicrobianos é crucial para combater a resistência bacteriana, enquanto programas de controle de infecções fornecem uma estrutura para vigilância e intervenção. A educação contínua dos profissionais de saúde garante a atualização constante sobre práticas seguras, e as tecnologias de prevenção, como cateteres impregnados com antimicrobianos, oferecem uma camada adicional de proteção. Conclusão: A aplicação eficaz dessas estratégias é essencial para reduzir a incidência de infecções hospitalares e promover a segurança do paciente. A combinação de múltiplas abordagens, aliada a um compromisso institucional com a educação e a inovação, pode levar a uma redução significativa das infecções e a uma melhoria geral na qualidade dos cuidados de saúde.
Palavras-chave:Prevenção de Infecções, Segurança do Paciente, Controle de Infecções.
ABSTRACT
Hospital-acquired infections (HI) continue to be one of the biggest challenges faced by healthcare systems around the world, causing high morbidity and mortality rates and significant costs. Effective prevention of these infections is essential to ensure patient safety, reduce length of stay and improve clinical outcomes. Objective: This study aims to analyze and discuss the main strategies for preventing hospital infections, as well as evaluating their implications for patient safety. Methodology: An integrative review of the literature was carried out, including articles published between 2008 and 2023 in the PubMed, Scielo and LILACS databases. Descriptors such as “hospital infection”, “infection prevention”, “patient safety” and “infection control” were used. After the initial screening, 25 articles were selected as they met the established inclusion criteria. Results: The prevention strategies identified include: hand hygiene (identified in 15 articles), rational use of antimicrobials (12 articles), implementation of infection control programs (10 articles), ongoing education of health professionals (8 articles) and use of advanced prevention technologies (6 articles). Hand hygiene proved to be the most effective and simple measure and can significantly reduce the transmission of pathogens. Rational use of antimicrobials is crucial to combat bacterial resistance, while infection control programs provide a framework for surveillance and intervention. Continuous education of healthcare professionals ensures constant updates on safe practices, and prevention technologies, such as antimicrobial-impregnated catheters, offer an additional layer of protection. Conclusion: The effective application of these strategies is essential to reduce the incidence of hospital infections and promote patient safety. Combining multiple approaches, combined with an institutional commitment to education and innovation, can lead to a significant reduction in infections and an overall improvement in the quality of healthcare.
Keywords: Infection Prevention, Patient Safety, Infection Control.
INTRODUÇÃO
As infecções hospitalares (IH), também conhecidas como infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), são um dos principais desafios enfrentados por instituições de saúde em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), milhões de pacientes são afetados anualmente, resultando em altas taxas de morbimortalidade e significativos custos financeiros (1). Essas infecções ocorrem principalmente devido a procedimentos invasivos, uso de dispositivos médicos e práticas inadequadas de higiene dos profissionais de saúde (2).
Historicamente, o controle de infecções hospitalares é uma preocupação central na prática médica. Florence Nightingale (1820-1910), uma das pioneiras na enfermagem moderna, enfatizou a importância do ambiente limpo e arejado para a recuperação dos pacientes (3). Nesse contexto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem estabelecido diretrizes rigorosas (4) para a prevenção e controle das IRAS, destacando a importância de medidas como a higienização das mãos, uso racional de antimicrobianos e a implementação de programas de controle de infecções (5).
A higienização das mãos, quando aplicada frequentemente, é amplamente reconhecida como a medida mais simples e eficaz para prevenir a transmissão de patógenos, especialmente antes de tocar o paciente (6). Estudos mostram que a adesão a essa prática pode reduzir significativamente as taxas das IH. No entanto, a adesão dos profissionais de saúde ainda é um desafio, exigindo estratégias contínuas de educação e monitoramento (7).
O uso racional de antimicrobianos é outra estratégia crucial para a prevenção de IH. O uso indiscriminado de antibióticos contribui para o desenvolvimento de resistência bacteriana, tornando as infecções mais difíceis de tratar e controlando os custos de saúde (8, 9). Programas de stewardship antimicrobiano, que incluem protocolos rigorosos de prescrição e monitoramento do uso de antimicrobianos (10), têm demonstrado eficácia na redução da resistência bacteriana e na prevenção de infecções hospitalares (10).
Programas de controle de infecções (PCI) fornecem uma estrutura sistemática para a vigilância e intervenção. Esses programas envolvem a implementação de práticas baseadas em evidências, a realização de auditorias regulares e a promoção de uma cultura de segurança dentro das instituições de saúde (11, 12). A educação permanente dos profissionais de saúde é essencial para garantir que todos os membros da equipe estejam atualizados sobre as melhores práticas de prevenção de infecções e estejam preparados para implementá-las de forma eficaz (13, 14).
Além disso, o uso de tecnologias avançadas de prevenção, como cateteres impregnados com antimicrobianos e sistemas de desinfecção avançada, oferece uma camada adicional de proteção contra infecções. Essas tecnologias têm mostrado reduzir significativamente as taxas de infecção em ambientes de alta complexidade, como unidades de terapia intensiva (UTI) (15, 16). Para exemplificar, um estudo conduzido por Araújo et al. (2021) analisou a atuação da gestão institucional na prevenção das infecções primárias da corrente sanguínea, destacando a importância da participação das equipes assistenciais na construção de protocolos e na organização tecnológica interna para alcançar bons resultados (17).
MÉTODO
Este estudo foi conduzido como uma revisão integrativa da literatura, com o objetivo de sintetizar o conhecimento existente sobre estratégias de prevenção de infecções hospitalares e suas implicações para a segurança do paciente. A revisão integrativa é uma metodologia que permite a inclusão de diversos tipos de estudos (quantitativos, qualitativos e mistos), proporcionando uma compreensão abrangente do tema investigado.
A coleta de dados foi realizada nas bases de dados eletrônicas PubMed, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), escolhidas devido à sua abrangência e relevância na área da saúde. A busca abrangeu artigos publicados entre 2008 e 2023, com maior prevalência para os últimos cinco anos (2018-2023), visando garantir a inclusão de estudos recentes e relevantes. Os critérios de inclusão foram: artigos completos disponíveis em português, inglês e espanhol; estudos que abordassem estratégias de prevenção de infecções hospitalares e segurança do paciente; e estudos publicados em periódicos revisados por pares. Foram excluídos artigos que não abordassem diretamente o tema central, estudos com metodologia inadequada ou que não apresentassem resultados claros e relevantes, além de publicações duplicadas.
Para identificar e selecionar os artigos para compor o corpus desta pesquisa, foram utilizados descritores como “infecção hospitalar”, “prevenção de infecções”, “segurança do paciente” e “controle de infecções”. A seleção dos artigos foi realizada em duas etapas: na primeira etapa, títulos e resumos foram avaliados para verificar a adequação aos critérios de inclusão; na segunda etapa, os textos completos dos artigos selecionados foram analisados detalhadamente. Ao final, foram selecionados 25 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. A análise dos dados extraídos dos artigos foi realizada de forma qualitativa, classificando a qualidade das evidências apresentadas e sintetizando as principais estratégias de prevenção de infecções hospitalares e suas implicações para a segurança do paciente.
RESULTADOS
O estudo permitiu identificar e analisar as principais estratégias de prevenção de infecções hospitalares (IH) e suas implicações para a segurança do paciente. Foram selecionados 25 artigos que atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos. A análise dos resultados desses artigos revelou cinco principais estratégias de prevenção:
- Higienização das Mãos A higienização das mãos foi destacada como a medida mais simples e eficaz para prevenir a transmissão de patógenos. Em 15 dos 25 artigos revisados, essa prática foi identificada como crucial para reduzir as taxas de infecção nos ambientes hospitalares. No entanto, a adesão dos profissionais de saúde ainda é um desafio, evidenciando a necessidade de programas contínuos de educação e monitoramento (2, 6).
- Uso Racional de Antimicrobianos O uso racional de antimicrobianos é crucial para combater a resistência bacteriana. A prescrição inadequada e o uso excessivo de antibióticos são fatores críticos que contribuem para o aumento da resistência bacteriana. Programas de stewardship antimicrobiano, que incluem protocolos rigorosos de prescrição e monitoramento, têm se mostrado eficazes na redução da resistência bacteriana e na prevenção de IH (4, 10).
- Programas de Controle de Infecções (PCI) A implementação de programas de controle de infecções (PCI) é essencial para a redução das IH. Esses programas envolvem a vigilância epidemiológica, a adoção de práticas baseadas em evidências e a promoção de uma cultura de segurança dentro das instituições de saúde. A revisão dos estudos indica que os PCI são eficazes na redução das taxas de infecção hospitalar e na promoção de um ambiente seguro para os pacientes (6, 12).
- Educação Permanente A educação contínua dos profissionais de saúde é crucial para a prevenção de infecções. Programas de capacitação focam na atualização constante sobre práticas seguras e no cumprimento rigoroso dos protocolos de controle de infecções. A revisão dos estudos destaca que a educação contínua é um dos principais fatores que influenciam positivamente a adesão às medidas de prevenção entre os profissionais de saúde (5, 13).
- Tecnologias de Prevenção O uso de tecnologias inovadoras, como cateteres impregnados com antimicrobianos e sistemas de desinfecção avançada, tem mostrado eficácia na redução das taxas de infecção. Essas tecnologias oferecem uma camada adicional de proteção, especialmente em ambientes de alta complexidade como unidades de terapia intensiva (UTI) (15, 16).
Tabela 1 – Descrição dos Estudos e Resultados de acordo com a evolução de recorte temporal
Ano | Autor(es) | Título | Metodologia | Principais Resultados |
2015 | Almeida et al. | Adesão às medidas de prevenção para pneumonia associada à ventilação mecânica | Estudo transversal | Educação contínua dos profissionais de saúde melhora a adesão às medidas de prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica. |
2016 | Marra AR | Avanços no controle das infecções | Revisão integrativa | Uso racional de antimicrobianos e programas de stewardship antimicrobiano são essenciais para combater a resistência bacteriana. |
2017 | Hoyashi et al. | Prevenção e controle de infecções relacionadas a assistência à saúde: fatores extrínsecos ao paciente | Revisão bibliográfica | Higienização das mãos é a medida mais eficaz para prevenir infecções hospitalares, apesar dos desafios na adesão dos profissionais de saúde. |
2018 | Carvalho et al. | Fatores de risco para infecção hospitalar prevenção e controle: desafios para a prevenção e controle | Estudo de coorte | Identificação de fatores de risco específicos e desenvolvimento de estratégias de mitigação para reduzir as taxas de infecção hospitalar. |
2021 | Araújo et al. | Atuação da gestão institucional na prevenção das infecções primárias da corrente sanguínea | Estudo descritivo exploratório qualitativo | Participação das equipes assistenciais na construção de protocolos e organização tecnológica interna é crucial para a prevenção de infecções. |
A tabela de resultados resume os cinco principais resultados dos estudos relacionados a linha de pesquisa.
Nos cinco anos destacados (Tabela 1), os estudos revisados destacam a evolução e a implementação de estratégias de prevenção de infecções hospitalares. A partir de 2015, com o estudo de Almeida et al., a educação contínua dos profissionais de saúde foi identificada como uma medida fundamental para melhorar a adesão às práticas de prevenção de infecções, especialmente a pneumonia associada à ventilação mecânica. Em 2016, Marra AR reforçou a importância do uso racional de antimicrobianos e programas de stewardship antimicrobiano para combater a resistência bacteriana.
Em 2017, Hoyashi et al. enfatizaram a higienização das mãos como a medida mais eficaz para prevenir infecções hospitalares, apesar dos desafios na adesão dos profissionais de saúde. No estudo de 2018, Carvalho et al. abordaram a identificação de fatores de risco específicos e o desenvolvimento de estratégias de mitigação para reduzir as taxas de infecção hospitalar, destacando a importância dos programas de controle de infecções.
Finalmente, em 2021, Araújo et al. destacaram a participação das equipes assistenciais na construção de protocolos e na organização tecnológica interna como crucial para a prevenção de infecções. Esses estudos demonstram uma progressão contínua e integrada das estratégias de prevenção de infecções hospitalares, com foco em educação, uso racional de antimicrobianos, controle de infecções e tecnologias avançadas, refletindo um compromisso crescente com a segurança do paciente e a qualidade dos cuidados de saúde.
DISCUSSÃO
A análise dos estudos revisados demonstra que a prevenção de infecções hospitalares (IH) é uma tarefa complexa que requer a implementação de múltiplas estratégias integradas. A higienização das mãos, identificada como a medida mais simples e eficaz, continua sendo uma das principais intervenções para reduzir a transmissão de patógenos em ambientes hospitalares. Estudos mostram que a adesão a essa prática pode diminuir significativamente as taxas de infecção (2, 5). No entanto, a adesão dos profissionais de saúde ainda é um desafio, evidenciando a necessidade de programas contínuos de educação e monitoramento (5, 6).
O uso racional de antimicrobianos é outra estratégia fundamental. A prescrição inadequada e o uso excessivo de antibióticos são fatores críticos que contribuem para o aumento da resistência bacteriana. Programas de stewardship antimicrobiano, que incluem protocolos rigorosos de prescrição e monitoramento, têm se mostrado eficazes na redução da resistência bacteriana e na prevenção de IH (4, 10). Esses programas não apenas ajudam a preservar a eficácia dos antimicrobianos, mas também promovem a utilização adequada dos recursos de saúde (4, 10).
Os programas de controle de infecções (PCI) são essenciais para a implementação de práticas baseadas em evidências dentro das instituições de saúde. Esses programas envolvem a vigilância epidemiológica, a realização de auditorias regulares e a promoção de uma cultura de segurança. A revisão dos estudos indica que os PCI são eficazes na redução das taxas de infecção hospitalar e na promoção de um ambiente seguro para os pacientes (6, 12). No entanto, a eficácia desses programas depende da adesão e do comprometimento dos profissionais de saúde em todos os níveis (12).
A educação permanente dos profissionais de saúde é crucial para garantir que todos os membros da equipe estejam atualizados sobre as melhores práticas de prevenção de infecções. Programas de capacitação contínuos são essenciais para melhorar a adesão às práticas de controle de infecções e garantir a implementação eficaz dos protocolos. A revisão dos estudos destaca que a educação contínua é um dos principais fatores que influenciam positivamente a adesão às medidas de prevenção entre os profissionais de saúde (6, 12).
Além disso, a utilização de tecnologias avançadas de prevenção, como cateteres impregnados com antimicrobianos e sistemas de desinfecção avançada, oferece uma camada adicional de proteção contra infecções. Essas tecnologias têm mostrado reduzir significativamente as taxas de infecção em ambientes de alta complexidade, como unidades de terapia intensiva (UTI) (15, 16). No entanto, a implementação dessas tecnologias pode ser desafiadora devido aos altos custos e à necessidade de treinamento especializado para os profissionais de saúde (15).
A combinação de múltiplas estratégias de prevenção é necessária para alcançar uma redução significativa nas taxas de infecção hospitalar. A higienização das mãos, o uso racional de antimicrobianos, os programas de controle de infecções, a educação permanente e as tecnologias de prevenção são todos componentes essenciais de uma abordagem multifacetada (8). No entanto, a implementação eficaz dessas estratégias requer um compromisso institucional com a educação e a inovação, bem como o apoio contínuo de gestores e líderes de saúde (12, 13).
Nos últimos anos, observou-se uma ênfase crescente na integração dessas estratégias. Por exemplo, o estudo de Almeida et al. (2015) ressaltou a importância da educação contínua para melhorar a adesão às medidas de prevenção, enquanto Marra AR (2016) destacou a eficácia do uso racional de antimicrobianos e dos programas de stewardship antimicrobiano. Em 2017, Hoyashi et al. reafirmaram a importância da higienização das mãos como uma prática essencial, apesar dos desafios na adesão dos profissionais de saúde. Carvalho et al. (2018) enfatizaram a necessidade de identificar fatores de risco específicos e desenvolver estratégias de mitigação, enquanto Araújo et al. (2021) destacaram a importância da participação das equipes assistenciais na construção de protocolos e na organização tecnológica interna.
Esses estudos demonstram que, apesar dos avanços significativos na prevenção de IH, ainda existem barreiras que precisam ser superadas. A resistência às mudanças de comportamento entre os profissionais de saúde, a falta de recursos e o financiamento inadequado são alguns dos desafios mencionados nos estudos revisados (12, 14). Abordar essas barreiras é crucial para garantir a implementação eficaz das estratégias de prevenção e promover um ambiente hospitalar seguro (14).
CONCLUSÃO
A prevenção eficaz das infecções hospitalares (IH) é essencial para garantir a segurança do paciente e melhorar os resultados clínicos. A adoção de estratégias multifacetadas, incluindo a higienização das mãos, o uso racional de antimicrobianos, os programas de controle de infecções, a educação permanente e as tecnologias de prevenção, é vital para reduzir a incidência de IH e promover um ambiente hospitalar seguro.
A higienização das mãos destacou-se como a medida mais simples e eficaz, capaz de reduzir significativamente a transmissão de patógenos quando adotada de forma consistente por todos os profissionais de saúde (5, 6). No entanto, a adesão a essa prática ainda enfrenta barreiras que precisam ser superadas por meio de educação contínua e monitoramento rigoroso (7).
O uso racional de antimicrobianos é crucial para combater a resistência bacteriana, um problema crescente que dificulta o tratamento de infecções hospitalares (8, 9). Programas de stewardship antimicrobiano que promovem o uso adequado e monitorado desses medicamentos são essenciais para preservar a eficácia dos antibióticos e prevenir a disseminação de bactérias resistentes (10).
Os programas de controle de infecções (PCI) fornecem uma estrutura sistemática para a vigilância e intervenção, baseando-se em práticas baseadas em evidências para reduzir as taxas de infecção hospitalar (11, 12). A promoção de uma cultura de segurança dentro das instituições de saúde é um componente vital desses programas, necessitando do comprometimento de todos os níveis da equipe de saúde (13, 14).
A educação permanente dos profissionais de saúde é uma estratégia indispensável para garantir que todos estejam atualizados sobre as melhores práticas de prevenção de infecções. A capacitação contínua é crucial para melhorar a adesão às medidas de controle de infecções e garantir a implementação eficaz dos protocolos estabelecidos (15, 16).
Além disso, a utilização de tecnologias avançadas, como cateteres impregnados com antimicrobianos e sistemas de desinfecção avançada, oferece uma camada adicional de proteção contra infecções (17, 18). Essas tecnologias têm mostrado reduzir significativamente as taxas de infecção em ambientes de alta complexidade, como unidades de terapia intensiva (UTI) (19).
Apesar dos avanços significativos, ainda existem barreiras que dificultam a implementação eficaz dessas estratégias. A resistência às mudanças de comportamento entre os profissionais de saúde, a falta de recursos e o financiamento inadequado são desafios que precisam ser abordados para garantir a melhoria contínua das práticas de prevenção de infecções hospitalares (20, 21).
Em conclusão, a prevenção eficaz das infecções hospitalares é essencial para garantir a segurança do paciente e melhorar os resultados clínicos. A adoção de estratégias multifacetadas – higienização das mãos, uso racional de antimicrobianos, programas de controle de infecções, educação permanente e tecnologias de prevenção – é vital para reduzir a incidência de IH e promover um ambiente hospitalar seguro. A superação das barreiras à implementação dessas estratégias requer um esforço colaborativo e um compromisso contínuo com a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde. A implementação dessas estratégias deve ser uma prioridade para gestores de saúde, profissionais e formuladores de políticas, visando sempre a excelência no cuidado ao paciente.
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