EQUIDADE EM SAÚDE: DESIGUALDADES NO ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE EM POPULAÇÕES VULNERÁVEIS GLOBALMENTE
HEALTH EQUITY: INEQUALITIES IN ACCESS TO HEALTHCARE AMONG VULNERABLE POPULATIONS GLOBALLY
Thiago Amaral Martins1, Cátia Maria Geralda dos Santos Nascimento2, Luiz Eduardo de Azevedo Ramos da Silva3, Maria Georgina Barbosa4, Michel Santos de Abreu5, Priscila Gomes de Mello6, Zaika Capita7
Endereço correspondente: thiagomartins_personal@hotmail.com
Publicação: 31/08/2024
RESUMO
O presente artigo revisa as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde em populações vulneráveis globalmente, com base em uma análise de 28 estudos que investigam diversos fatores estruturais, socioeconômicos e culturais que perpetuam essas disparidades. As desigualdades estruturais, como a distribuição desigual de recursos de saúde e a discriminação nos sistemas de saúde, foram identificadas como barreiras significativas para o acesso a serviços de saúde de qualidade. Além disso, os determinantes sociais da saúde, incluindo educação, renda e condições de moradia, foram destacados como fatores críticos que agravam as disparidades em saúde. O artigo também discute as estratégias implementadas para mitigar essas desigualdades, como políticas públicas, intervenções comunitárias e o uso de tecnologias de saúde, como a telemedicina. Embora progressos tenham sido feitos, a revisão conclui que são necessários esforços contínuos e coordenados para promover a equidade em saúde, garantindo que todas as populações, independentemente de sua vulnerabilidade, tenham acesso justo e igualitário aos cuidados de saúde.
Descritores: Equidade em Saúde, Desigualdades em Saúde, Populações Vulneráveis, Acesso a Cuidados de Saúde, Determinantes Sociais da Saúde.
ABSTRACT
This article reviews inequalities in access to healthcare among vulnerable populations globally, based on an analysis of 28 studies that investigate various structural, socioeconomic, and cultural factors that perpetuate these disparities. Structural inequalities, such as the unequal distribution of healthcare resources and discrimination within healthcare systems, were identified as significant barriers to accessing quality healthcare services. Additionally, social determinants of health, including education, income, and living conditions, were highlighted as critical factors that exacerbate health disparities. The article also discusses strategies implemented to mitigate these inequalities, such as public policies, community interventions, and the use of health technologies like telemedicine. Although progress has been made, the review concludes that ongoing and coordinated efforts are necessary to promote health equity, ensuring that all populations, regardless of their vulnerability, have fair and equal access to healthcare.
Keywords: Health Equity, Health Inequalities, Vulnerable Populations, Access to Healthcare, Social Determinants of Health.
INTRODUÇÃO
A equidade em saúde, entendida como a ausência de disparidades injustas e evitáveis no acesso aos serviços de saúde, é um pilar fundamental para alcançar a justiça social e o bem-estar em nível global (1). No entanto, as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde permanecem um desafio significativo em muitas partes do mundo, especialmente entre as populações mais vulneráveis. Essas desigualdades são frequentemente impulsionadas por uma complexa interação de determinantes sociais da saúde, incluindo fatores socioeconômicos, geográficos, culturais e políticos, que contribuem para a perpetuação de desfechos de saúde desfavoráveis em grupos marginalizados (2) (3) .
As populações vulneráveis incluem, mas não se limitam a, minorias étnicas, comunidades de baixa renda, residentes de áreas rurais e pessoas em situação de pobreza extrema (4) (5). Essas populações enfrentam barreiras significativas no acesso aos serviços de saúde, que vão desde a falta de infraestrutura adequada até a discriminação direta ou indireta nos sistemas de saúde (6). Estudos indicam que, em países de baixa e média renda, as disparidades no acesso aos cuidados de saúde são particularmente pronunciadas, resultando em maiores taxas de mortalidade e morbidade entre esses grupos (7) (8).
A pandemia de COVID-19 exacerbou essas desigualdades, evidenciando as fragilidades dos sistemas de saúde e a vulnerabilidade das populações marginalizadas (9). Durante a pandemia, grupos já desfavorecidos sofreram desproporcionalmente com o impacto da crise sanitária, enfrentando maiores dificuldades para acessar cuidados de saúde e proteção social. Por exemplo, a pandemia revelou que, em muitas regiões, as comunidades de baixa renda tinham menos acesso a testes de diagnóstico, tratamento adequado e vacinas, o que resultou em taxas mais altas de infecção e mortalidade (10).
Os determinantes sociais da saúde desempenham um papel crucial na perpetuação dessas desigualdades. Fatores como educação, renda, emprego, condições de moradia e acesso a recursos básicos são determinantes fundamentais que influenciam a capacidade dos indivíduos de acessar serviços de saúde de qualidade (11). Além disso, a marginalização política e a falta de representação adequada nas tomadas de decisão em saúde agravam ainda mais a exclusão desses grupos (12).
Dada a complexidade e a persistência dessas desigualdades, torna-se imperativo explorar estratégias eficazes para promover a equidade em saúde. Este artigo revisa 28 estudos que analisam as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde em populações vulneráveis, oferecendo uma visão abrangente das barreiras enfrentadas e das estratégias implementadas para mitigar essas disparidades. As análises incluem a avaliação das políticas públicas, intervenções comunitárias e reformas dos sistemas de saúde, todas voltadas para a promoção de um acesso mais equitativo aos cuidados de saúde (13) (14).
Em suma, entender e abordar as desigualdades em saúde requer uma abordagem multidimensional, que leve em consideração os diversos fatores que contribuem para a exclusão e vulnerabilidade de certos grupos populacionais. A superação dessas barreiras é crucial não apenas para melhorar os desfechos de saúde dessas populações, mas também para avançar em direção a um sistema de saúde mais justo e inclusivo, que atenda às necessidades de todos, independentemente de sua origem ou status socioeconômico (15).
MÉTODO
Este estudo é uma revisão integrativa da literatura, cuja finalidade é sintetizar o conhecimento disponível sobre as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde em populações vulneráveis globalmente. A revisão integrativa foi escolhida por permitir a incorporação de diferentes metodologias, tanto quantitativas quanto qualitativas, proporcionando uma visão abrangente e atualizada sobre o tema em questão (13).
Estratégia de Busca
A estratégia de busca foi desenhada para identificar estudos relevantes nas principais bases de dados acadêmicas, incluindo PubMed, ScieELO, Scopus,Web of Science e Google Scholar. A busca foi realizada utilizando descritores em inglês e português, como “health equity”, “health disparities”, “access to healthcare”, “vulnerable populations”, “determinants of health”, “equidade em saúde”, “desigualdades em saúde” e “acesso aos cuidados de saúde”. A pesquisa abrangeu publicações entre os anos de 2014 e 2024, garantindo a inclusão de estudos tanto históricos quanto contemporâneos sobre o tema (14).
Critérios de Inclusão e Exclusão
Os critérios de inclusão foram estabelecidos para garantir a relevância e a qualidade dos estudos selecionados. Foram incluídos estudos originais, revisões sistemáticas, artigos de revisão e estudos de caso que abordassem diretamente as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde em populações vulneráveis. Também, foram considerados estudos publicados em inglês, português e espanhol para capturar uma ampla gama de perspectivas e contextos regionais (15).
Estudos que focavam exclusivamente em outras formas de desigualdade (por exemplo, desigualdades econômicas sem relação direta com a saúde) ou que não apresentavam dados empíricos relevantes foram excluídos. Revisões não sistemáticas e estudos de opinião também foram excluídos para manter o rigor científico da revisão (16).
Extração e Análise dos Dados
A extração dos dados foi realizada por dois revisores independentes para minimizar o viés e garantir a precisão na seleção dos estudos. As informações extraídas incluíram detalhes sobre o contexto do estudo, a população alvo, as metodologias utilizadas, os principais achados e as conclusões dos autores. Os dados foram organizados em uma matriz de síntese, permitindo uma análise comparativa entre os diferentes estudos e a identificação de padrões emergentes relacionados às desigualdades no acesso aos cuidados de saúde (17).
A análise dos dados seguiu uma abordagem qualitativa, onde os resultados foram agrupados em categorias temáticas, como “determinantes sociais da saúde”, “barreiras estruturais”, e “políticas de saúde”. Cada categoria foi detalhada com base nos achados dos estudos revisados, enfatizando tanto as descobertas significativas quanto as limitações metodológicas reportadas pelos autores (18). A análise crítica das limitações metodológicas dos estudos considerou questões como o tamanho da amostra, a representatividade das populações estudadas e os possíveis vieses.
Síntese dos Resultados
Os resultados sintetizados foram organizados em três grandes áreas: (1) desigualdades estruturais no acesso aos cuidados de saúde; (2) impactos dos determinantes sociais da saúde; e (3) estratégias para a promoção da equidade em saúde. A síntese dos resultados levou em consideração as evidências disponíveis, discutindo os impactos clínicos e sociais dessas desigualdades, bem como as possíveis intervenções para mitigá-las (19) (20).
Esta metodologia assegura que os achados desta revisão sejam robustos, abrangentes e representativos das questões-chave relacionadas às desigualdades no acesso aos cuidados de saúde em populações vulneráveis. A abordagem utilizada permite uma compreensão profunda das barreiras enfrentadas por esses grupos, além de oferecer insights valiosos para a formulação de políticas públicas e intervenções direcionadas à promoção da equidade em saúde.
RESULTADOS
Os resultados desta revisão integrativa da literatura foram organizados em três áreas principais: desigualdades estruturais no acesso aos cuidados de saúde, (2) impactos dos determinantes sociais da saúde, e (3) estratégias para a promoção da equidade em saúde. A análise dos 28 estudos revelou tanto os desafios enfrentados por populações vulneráveis quanto as estratégias que têm sido implementadas para mitigar essas desigualdades.
Desigualdades Estruturais no Acesso aos Cuidados de Saúde
As desigualdades estruturais no acesso aos cuidados de saúde emergem como um dos principais fatores que perpetuam a exclusão de populações vulneráveis. Estudos indicam que populações de baixa renda, residentes em áreas rurais e minorias étnicas enfrentam barreiras significativas na obtenção de cuidados de saúde essenciais. Entre as barreiras identificadas estão a falta de infraestrutura de saúde em regiões remotas, a escassez de profissionais de saúde qualificados, e a ausência de cobertura por seguros de saúde que sejam acessíveis a essas populações (2,3,7).
Em muitos países de baixa e média renda, essas desigualdades são agravadas pela má distribuição dos recursos de saúde, onde centros urbanos concentram a maioria dos serviços, deixando as áreas rurais com um acesso limitado aos cuidados de saúde básicos (9,11). Por exemplo, em estudos realizados na América Latina, foi identificado que a distância até as unidades de saúde, combinada com a falta de transporte adequado, constitui uma barreira significativa para o acesso ao tratamento, resultando em desfechos de saúde negativos (13,17).
Ainda, práticas discriminatórias dentro dos sistemas de saúde, frequentemente baseadas em etnia e status socioeconômico, foram destacadas como fatores que desestimulam populações marginalizadas a buscar atendimento médico. Isso cria um ciclo de exclusão que agrava as desigualdades já existentes (14,18).
Impactos dos Determinantes Sociais da Saúde
Os determinantes sociais da saúde, como educação, renda, emprego e condições de moradia, desempenham um papel crucial na perpetuação das desigualdades no acesso aos cuidados de saúde. A revisão revelou que indivíduos com menor nível de escolaridade têm menos probabilidade de acessar serviços de saúde preventivos, como exames de rotina e vacinação, o que aumenta o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e reduz a expectativa de vida (1,5). Além disso, a falta de acesso à educação de qualidade está diretamente ligada à falta de conhecimento sobre práticas de saúde preventivas, resultando em uma maior incidência de doenças evitáveis em populações vulneráveis (12,20).
A renda é outro fator determinante que contribui para as desigualdades em saúde. Estudos mostram que as pessoas de baixa renda enfrentam maior dificuldade em acessar cuidados de saúde devido ao alto custo dos serviços, medicamentos e tratamentos, especialmente em contextos onde os sistemas de seguro saúde são limitados ou inexistentes (10,15). A precariedade do emprego e a informalidade laboral, comuns em comunidades de baixa renda, agravam essas desigualdades, pois esses trabalhadores muitas vezes não têm acesso a benefícios de saúde e proteção social (8,16).
Condições de moradia inadequadas, como superlotação e falta de saneamento básico, foram identificadas como fatores que aumentam a vulnerabilidade a doenças transmissíveis e crônicas, agravando ainda mais as disparidades em saúde (19,22). Esses fatores ambientais afetam desproporcionalmente as comunidades de baixa renda, perpetuando um ciclo de pobreza e má saúde (4,21).
Estratégias para a Promoção da Equidade em Saúde
Vários estudos revisados identificaram estratégias e políticas que têm sido implementadas para promover a equidade em saúde, abordando diretamente as desigualdades identificadas. Políticas públicas que expandem a cobertura de saúde para populações vulneráveis e que investem na melhoria da infraestrutura de saúde em áreas rurais e periféricas mostraram-se eficazes na redução das desigualdades (6,23). Por exemplo, a implementação de programas de saúde voltados para a população rural em alguns países resultou em uma melhoria significativa no acesso aos serviços de saúde e nos desfechos de saúde dessas comunidades( 26,28).
Além das políticas públicas, intervenções comunitárias desempenham um papel crucial na promoção da equidade em saúde. Programas liderados por agentes comunitários de saúde, que atuam como intermediários entre as comunidades vulneráveis e os sistemas de saúde, têm sido bem-sucedidos na redução das barreiras de acesso (24,27). Esses programas são particularmente eficazes em áreas onde a desconfiança em relação aos sistemas de saúde é alta, como em comunidades minoritárias ou isoladas (25). Ademais, campanhas de educação em saúde têm ajudado a aumentar a conscientização sobre a importância dos cuidados preventivos, melhorando a adesão aos programas de saúde e reduzindo as disparidades (13,20).
A adoção de tecnologias de saúde, como a telemedicina, tem mostrado potencial para superar barreiras geográficas e facilitar o acesso a cuidados especializados em áreas remotas (3,7). Durante a pandemia de COVID-19, a telemedicina foi amplamente utilizada para fornecer cuidados de saúde a distância, demonstrando ser uma ferramenta eficaz para mitigar o impacto das desigualdades no acesso aos cuidados de saúde (17,18). No entanto, a eficácia dessas tecnologias depende de uma infraestrutura adequada de internet e da alfabetização digital, o que ainda é um desafio em muitas regiões de baixa renda (28).
Apesar das iniciativas positivas, os resultados também indicam que a implementação dessas estratégias enfrenta desafios significativos. A falta de financiamento adequado, a resistência cultural em algumas comunidades e a persistência de práticas discriminatórias nos sistemas de saúde continuam a ser barreiras substanciais para a promoção da equidade em saúde (14,22). Para que essas políticas e intervenções sejam realmente eficazes, é necessário um compromisso contínuo das autoridades de saúde e a mobilização de recursos suficientes para garantir que todas as populações, independentemente de sua vulnerabilidade, tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade (11,19).
DISCUSSÃO
Os resultados desta revisão integrativa destacam as desigualdades persistentes e profundamente enraizadas no acesso aos cuidados de saúde em populações vulneráveis ao redor do mundo. A análise de 28 estudos revelou que essas desigualdades são moldadas por uma complexa interação de fatores estruturais, socioeconômicos e culturais, que contribuem para a perpetuação das disparidades em saúde. Nesta seção, discutiremos as implicações desses achados, explorando as possíveis abordagens para mitigar essas desigualdades e promover uma maior equidade em saúde.
As desigualdades estruturais no acesso aos cuidados de saúde, como revelado pelos estudos analisados, são amplamente influenciadas pela distribuição desigual de recursos e pela falta de infraestrutura de saúde em áreas rurais e periféricas (4,9,11). A concentração de serviços de saúde em centros urbanos deixa as populações rurais e de baixa renda em desvantagem significativa, forçando-as a enfrentar barreiras físicas e financeiras consideráveis para obter cuidados médicos. Isso não apenas compromete a saúde dessas populações, mas também reforça o ciclo de pobreza e exclusão social (2,3,7).
A discriminação dentro dos sistemas de saúde é outro fator estrutural que perpetua as desigualdades. Minorias étnicas e grupos socioeconomicamente desfavorecidos enfrentam preconceitos e práticas discriminatórias, que resultam em tratamentos diferenciados e menos favoráveis. Estudos mostram que essas práticas desestimulam a busca por cuidados médicos, agravando ainda mais as disparidades em saúde (14,18). Para mitigar esses problemas, é essencial que políticas inclusivas sejam implementadas, com foco na formação e sensibilização dos profissionais de saúde em relação à diversidade e à equidade (15).
Os determinantes sociais da saúde, incluindo educação, renda, emprego e condições de moradia, desempenham um papel crítico na perpetuação das desigualdades em saúde. A revisão demonstrou que indivíduos com menor nível de escolaridade e renda enfrentam maiores dificuldades em acessar cuidados de saúde preventivos e tratamentos adequados (1,5,12). Isso não só contribui para a maior incidência de doenças crônicas e infecciosas entre esses grupos, mas também para a redução da qualidade de vida e da expectativa de vida.
As condições de moradia inadequadas, que são comuns em comunidades de baixa renda, foram identificadas como fatores que aumentam a vulnerabilidade a doenças. A falta de saneamento básico, a superlotação e a exposição a ambientes insalubres são condições que agravam o estado de saúde das populações vulneráveis e aumentam a demanda por cuidados de saúde, ao mesmo tempo em que essas populações têm menos acesso a esses serviços (19,22). Portanto, abordar as desigualdades em saúde requer intervenções que vão além do sistema de saúde, englobando políticas que melhorem as condições socioeconômicas e de moradia dessas populações (4).
A promoção da equidade em saúde é um desafio complexo que exige uma abordagem multifacetada. Os estudos revisados sugerem que políticas públicas que ampliem a cobertura de saúde e que invistam na infraestrutura de saúde em áreas carentes são fundamentais para reduzir as desigualdades (6,23). No entanto, a eficácia dessas políticas depende da implementação adequada e do comprometimento contínuo das autoridades de saúde (11,19).
Intervenções comunitárias, como programas liderados por agentes comunitários de saúde, mostraram-se eficazes na redução das barreiras de acesso e na melhoria dos desfechos de saúde em populações vulneráveis (24,27). Essas intervenções são particularmente importantes em contextos onde a desconfiança nos sistemas de saúde é alta, e onde a comunicação culturalmente sensível pode fazer a diferença na adesão aos cuidados de saúde (25).
Para mais, a adoção de tecnologias de saúde, como a telemedicina, tem o potencial de superar barreiras geográficas e facilitar o acesso a cuidados especializados em áreas remotas (3,7). Durante a pandemia de COVID-19, a telemedicina demonstrou ser uma ferramenta eficaz para fornecer cuidados de saúde a distância, minimizando o impacto das desigualdades no acesso aos cuidados de saúde (17,18). No entanto, para que essas tecnologias sejam verdadeiramente inclusivas, é necessário investir em infraestrutura digital e na alfabetização tecnológica das populações vulneráveis (28).
Apesar dos avanços identificados, as estratégias implementadas para promover a equidade em saúde ainda enfrentam desafios significativos. A falta de financiamento adequado, a resistência cultural em algumas comunidades e a persistência de práticas discriminatórias nos sistemas de saúde continuam a ser barreiras substanciais (14,22). Além disso, a variabilidade nos contextos socioeconômicos e culturais dos diferentes países e regiões pode limitar a generalização de algumas das estratégias analisadas.
As implicações para a pesquisa futura incluem a necessidade de estudos que avaliem a eficácia a longo prazo das intervenções voltadas para a equidade em saúde. Além disso, é crucial investigar como as políticas públicas podem ser adaptadas para atender às necessidades específicas de diferentes populações vulneráveis, levando em consideração as particularidades culturais e contextuais (16,20). A pesquisa futura também deve explorar novas formas de financiamento sustentável para programas de saúde que visem a equidade, bem como a integração de abordagens intersetoriais que envolvam educação, habitação e proteção social como componentes essenciais para melhorar a saúde das populações vulneráveis (26).
CONCLUSÃO
A equidade em saúde permanece como um dos maiores desafios na arena global, especialmente quando se trata de garantir que as populações vulneráveis tenham acesso adequado e igualitário aos cuidados de saúde. A revisão integrativa realizada neste estudo revela que, apesar dos esforços contínuos em várias partes do mundo, as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde ainda são amplamente prevalentes e profundamente enraizadas em fatores estruturais, socioeconômicos e culturais.
As desigualdades estruturais, como a má distribuição de recursos de saúde e a discriminação nos sistemas de saúde, continuam a excluir sistematicamente populações de baixa renda, residentes em áreas rurais e minorias étnicas. Essas barreiras comprometem a capacidade dessas populações de acessar cuidados de saúde essenciais, perpetuando ciclos de pobreza e má saúde. Além disso, os determinantes sociais da saúde, como educação, renda e condições de moradia, são fatores críticos que agravam as disparidades em saúde, contribuindo para desfechos adversos e reduzindo a qualidade de vida dessas populações.
A pandemia de COVID-19 exacerbou essas desigualdades, evidenciando a fragilidade dos sistemas de saúde e a vulnerabilidade das populações marginalizadas. Embora tenham sido implementadas várias estratégias para mitigar essas desigualdades, como a expansão da cobertura de saúde, intervenções comunitárias e a adoção de tecnologias de saúde como a telemedicina, os desafios permanecem. A eficácia dessas estratégias depende não apenas de sua implementação, mas também do compromisso contínuo das autoridades de saúde e da alocação de recursos adequados.
Para que se alcance uma verdadeira equidade em saúde, é necessário um esforço contínuo e coordenado que vá além das intervenções de saúde tradicionais. É imperativo que políticas públicas e intervenções comunitárias sejam adaptadas às necessidades específicas de diferentes populações vulneráveis, levando em consideração suas particularidades culturais e contextuais. Além disso, a integração de abordagens intersetoriais, que envolvam educação, habitação e proteção social, é crucial para abordar os determinantes sociais da saúde que perpetuam as desigualdades.
Em suma, enquanto avanços significativos têm sido feitos na promoção da equidade em saúde, a jornada para alcançar um acesso verdadeiramente equitativo aos cuidados de saúde para todas as populações, independentemente de sua vulnerabilidade, está longe de ser concluída. A continuidade da pesquisa e da implementação de políticas inclusivas e baseadas em evidências será essencial para superar as barreiras existentes e garantir que a equidade em saúde se torne uma realidade global.
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