A REVOLUÇÃO DA HEMATOLOGIA MOLECULAR: NOVAS FRONTEIRAS NO DIAGNÓSTICO DE HEMOPATIAS
The Revolution of Molecular Hematology: New Frontiers in the Diagnosis of Hematologic Disorders
Zaika Capita1, Talita Müller Gonçalves de Melo2
Endereço correspondente: dracapitta@gmail.com
Publicação: 27/12/2024
DOI: 10.55703/27644006040211
RESUMO
Introdução: A hematologia molecular tem revolucionado o manejo das hemopatias por meio de avanços tecnológicos que aprimoram o diagnóstico, o prognóstico e o tratamento. Entre as tecnologias mais proeminentes estão o sequenciamento de nova geração (NGS), biomarcadores moleculares, biópsia líquida, citogenética molecular e epigenética. Objetivo: Revisar os avanços na hematologia molecular entre 2014 e 2024 e seu impacto na prática clínica. Metodologia: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura em bases de dados como PubMed, SciELO e Google Scholar, utilizando critérios de inclusão que consideraram estudos publicados entre 2014 e 2024. Resultados: O NGS destacou-se como a tecnologia mais impactante, com 85% de precisão diagnóstica e 90% de relevância terapêutica. Biomarcadores moleculares, como FLT3 e NPM1, apresentaram papel crucial na estratificação de risco e personalização terapêutica. A biópsia líquida mostrou-se promissora no monitoramento não invasivo de doenças hematológicas, enquanto a citogenética molecular e os avanços em epigenética expandiram as possibilidades de tratamento e prognóstico. Conclusão: Os avanços tecnológicos na hematologia molecular têm redefinido os paradigmas clínicos, promovendo diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, desafios como custo elevado e infraestrutura limitada permanecem. Investimentos em acessibilidade e capacitação profissional serão fundamentais para maximizar os benefícios dessas tecnologias.
Palavras-chave: Hematologia Molecular; Sequenciamento de Nova Geração; Biomarcadores; Biópsia Líquida; Epigenética.
ABSTRACT
Introduction: Molecular hematology has revolutionized the management of hematologic diseases through technological advances that improve diagnosis, prognosis, and treatment. Among the most prominent technologies are next-generation sequencing (NGS), molecular biomarkers, liquid biopsy, cytogenetics, and epigenetics. Objective: To review advances in molecular hematology from 2014 to 2024 and their impact on clinical practice. Methodology: An integrative literature review was conducted using databases such as PubMed, SciELO, and Google Scholar, applying inclusion criteria that considered studies published between 2014 and 2024. Results: NGS emerged as the most impactful technology, achieving 85% diagnostic accuracy and 90% therapeutic relevance. Molecular biomarkers, such as FLT3 and NPM1, played a critical role in risk stratification and personalized therapy. Liquid biopsy proved promising for non-invasive monitoring of hematologic diseases, while cytogenetics and advances in epigenetics expanded treatment and prognostic possibilities. Conclusion: Technological advances in molecular hematology have redefined clinical paradigms, fostering more precise diagnoses, personalized treatments, and improving patient quality of life. However, challenges such as high costs and limited infrastructure remain. Investments in accessibility and professional training will be essential to maximize the benefits of these technologies.
Keywords: Molecular Hematology; Next-Generation Sequencing; Biomarkers; Liquid Biopsy; Epigenetics.
INTRODUÇÃO
As doenças hematológicas representam um conjunto heterogêneo de condições que afetam a produção, maturação e funcionalidade das células do sangue e medula óssea. A complexidade dessas desordens impõe desafios significativos ao diagnóstico e ao manejo clínico. Nas últimas décadas, a integração de avanços tecnológicos, como a automação laboratorial, as análises moleculares e o sequenciamento de nova geração (NGS), tem revolucionado a hematologia clínica, possibilitando diagnósticos mais precisos, prognósticos refinados e tratamentos direcionados (1-3).
A automação laboratorial introduziu ferramentas que não apenas aumentaram a precisão dos resultados, mas também reduziram significativamente o tempo de entrega dos mesmos. Tecnologias como a citometria de fluxo e a análise automatizada de lâminas sanguíneas permitiram identificar rapidamente alterações celulares que indicam doenças como leucemias e linfomas (1-3). Além disso, o aprendizado de máquina emergiu como uma solução promissora, utilizando algoritmos de inteligência artificial para detectar padrões em imagens microscópicas de sangue, com precisão superior a 95% (2-3).
Entre as inovações mais significativas, o sequenciamento de nova geração (NGS) tornou-se uma ferramenta essencial na prática clínica. Sua capacidade de identificar mutações genéticas associadas a prognósticos distintos transformou a abordagem diagnóstica em doenças como leucemia mieloide aguda (LMA), linfoma não Hodgkin e mieloma múltiplo. Mutações em genes como FLT3, NPM1 e TP53 são agora reconhecidas como marcadores-chave para estratificação de risco, escolha terapêutica e monitoramento de resposta (4-7). Por exemplo, mutações em FLT3 foram associadas a um prognóstico adverso na LMA, enquanto alterações em NPM1 têm sido relacionadas a melhores respostas terapêuticas (6-8).
Além do NGS, a citogenética molecular e a epigenética desempenham papéis fundamentais no diagnóstico e na compreensão da progressão das hemopatias malignas. Alterações epigenéticas, como a hipermetilação de genes supressores tumorais, têm sido associadas à progressão de leucemias, sendo alvo de terapias inovadoras baseadas em agentes hipometilantes (9-10). Da mesma forma, fusões genéticas como BCR-ABL1 na leucemia mieloide crônica continuam a guiar tanto o diagnóstico quanto o desenvolvimento de terapias específicas, como os inibidores de tirosina quinase (11-12).
Outro avanço relevante é o uso de biópsias líquidas, que permite a detecção de DNA tumoral circulante no sangue periférico. Essa tecnologia emergente oferece a possibilidade de monitorar a progressão da doença em tempo real, com menor invasividade e alta sensibilidade, especialmente em leucemias e linfomas agressivos (13-14). Sua aplicação clínica tem sido investigada em pacientes com neoplasias hematológicas de alto risco, demonstrando eficiência no acompanhamento de respostas terapêuticas e detecção precoce de recidivas (14-15).
Dessa forma, a integração de tecnologias moleculares à prática clínica tem redefinido os padrões de diagnóstico, prognóstico e tratamento das doenças hematológicas. Este artigo tem como objetivo revisar os principais avanços na hematologia molecular, com destaque para suas aplicações práticas e as perspectivas futuras no manejo de hemopatias.
METODOLOGIA
Este estudo foi conduzido por meio de uma revisão integrativa da literatura, com o objetivo de identificar, analisar e sintetizar os avanços recentes na hematologia molecular e seu impacto no diagnóstico e manejo de hemopatias. A revisão foi estruturada seguindo etapas rigorosas, que incluem a formulação da questão de pesquisa, definição de critérios de inclusão e exclusão, coleta e análise dos dados e a apresentação de resultados de forma sintetizada e crítica.
A questão norteadora da pesquisa foi: “Quais os avanços recentes na hematologia molecular e como eles impactam o diagnóstico e o tratamento das hemopatias?”. Para responder a essa questão, foram realizadas buscas sistemáticas nas bases de dados PubMed/MEDLINE, SciELO, Google Scholar, arXiv e Web of Science. As palavras-chave utilizadas nas buscas incluíram termos como “molecular hematology,” “next-generation sequencing,” “diagnosis of hematologic malignancies,” “molecular biomarkers,” “liquid biopsy,” e suas correspondentes em português: “hematologia molecular,” “sequenciamento de nova geração,” “diagnóstico de hemopatias,” “biomarcadores moleculares” e “biópsia líquida”. Essas palavras foram combinadas com operadores booleanos para maximizar a abrangência dos resultados.
Os critérios de inclusão para seleção dos estudos foram: artigos publicados entre 2014 e 2024, disponíveis em texto completo e redigidos em inglês, português ou espanhol; estudos originais, revisões sistemáticas ou narrativas que abordassem avanços tecnológicos em hematologia molecular relacionados ao diagnóstico, prognóstico ou monitoramento de hemopatias; e pesquisas que incluíssem aplicações clínicas de métodos moleculares, como sequenciamento de nova geração (NGS), biomarcadores, citogenética e epigenética. Foram excluídos artigos publicados antes de 2014, estudos não disponíveis em texto completo, trabalhos exclusivamente experimentais sem aplicações clínicas e duplicatas encontradas entre as bases de dados.
A seleção dos estudos seguiu duas etapas principais. Primeiramente, foi realizada uma triagem inicial com a leitura de títulos e resumos, visando identificar artigos potencialmente relevantes. Na segunda etapa, os textos completos dos artigos selecionados foram analisados de forma criteriosa para confirmar sua elegibilidade. Os dados extraídos dos estudos incluídos foram organizados com base nos tipos de avanços moleculares descritos, como NGS, biomarcadores e biópsias líquidas, bem como nas suas aplicações clínicas, como diagnóstico, prognóstico, estratificação de risco e monitoramento terapêutico.
Os resultados extraídos foram analisados e categorizados para identificar tendências nos avanços tecnológicos e potenciais lacunas no campo da hematologia molecular. A síntese dos achados foi apresentada de forma qualitativa, com destaque para as contribuições mais relevantes de cada estudo. Todas as fontes utilizadas nesta revisão foram adequadamente referenciadas no estilo Vancouver, garantindo a confiabilidade das informações apresentadas.
RESULTADOS
Os avanços tecnológicos na hematologia molecular têm impactado profundamente as áreas de diagnóstico, prognóstico e tratamento. Nesta revisão, foram identificados cinco categorias principais de inovações: sequenciamento de nova geração (NGS), biomarcadores moleculares, biópsia líquida, citogenética molecular e epigenética. Esses avanços têm melhorado a precisão diagnóstica, refinado a estratificação de risco e ampliado as possibilidades de terapias personalizadas.
O sequenciamento de nova geração (NGS) apresentou o maior impacto, sendo amplamente utilizado para identificar mutações genéticas associadas a doenças hematológicas. Estudos demonstraram que o NGS permite a detecção de mutações específicas em genes como FLT3, NPM1 e TP53, alcançando taxas de acurácia diagnóstica de 85% e impacto terapêutico de 90% (4,6,7). Por exemplo, mutações em FLT3 foram associadas a um pior prognóstico na leucemia mieloide aguda (LMA), enquanto alterações em NPM1 foram relacionadas a melhor resposta à quimioterapia intensiva (7,8). Em uma análise envolvendo mais de 1.000 pacientes com LMA, o uso do NGS resultou em mudanças no plano terapêutico em 45% dos casos (4).
Os biomarcadores moleculares contribuíram significativamente, com impacto de 75% no diagnóstico e 85% no tratamento (5,6,9). Em estudos recentes, biomarcadores como TP53 foram associados a resistência terapêutica e maior risco de progressão da doença (6). Por outro lado, variantes em NPM1 foram relacionadas a um melhor prognóstico, com taxas de sobrevida global de até 60% em subgrupos específicos (9). Biomarcadores como SF3B1 também foram indicados como marcadores úteis para a estratificação de risco em síndromes mielodisplásicas (11).
A biópsia líquida, uma técnica emergente, mostrou impacto de 65% no diagnóstico e 75% no tratamento, ao permitir o monitoramento de mutações tumorais no DNA circulante de forma não invasiva (12-15). Em pacientes com leucemia linfoblástica aguda, o uso da biópsia líquida reduziu o tempo de detecção de recidivas em até 30%, comparado às abordagens tradicionais (14). Além disso, a técnica demonstrou alta correlação com mutações genéticas detectadas por métodos convencionais, reforçando seu papel na prática clínica (13,15).
A citogenética molecular destacou-se com impacto de 60% no diagnóstico e 65% no tratamento (10,11). Alterações como a fusão BCR-ABL1, característica da leucemia mieloide crônica, continuam sendo fundamentais no direcionamento terapêutico com inibidores de tirosina quinase, melhorando significativamente os desfechos clínicos (11). Em um estudo envolvendo 500 pacientes, a detecção de rearranjos cromossômicos guiou a escolha terapêutica em mais de 70% dos casos (10).
Por fim, os avanços em epigenética trouxeram contribuições significativas, com impacto de 55% no diagnóstico e 50% no prognóstico (17,18). Estudos mostraram que hipermetilação de promotores gênicos foi identificada em 40% dos pacientes com leucemias mieloides, sendo correlacionada a um pior prognóstico (17). A introdução de inibidores de metilação, como a azacitidina, resultou em taxas de resposta de até 40% em pacientes refratários a outras terapias (18).
Como evidencia a Tabela 1, os impactos percentuais de cada tecnologia foram detalhados com base em dados concretos extraídos da literatura revisada, incluindo taxa de sucesso terapêutico, acurácia diagnóstica e relevância clínica.
Tabela 1. Impactos Detalhados dos Avanços Tecnológicos na Hematologia Molecular
Avanço Tecnológico | Diagnóstico (%) | Prognóstico (%) | Tratamento (%) | Referências |
Sequenciamento de Nova Geração | 85 | 80 | 90 | 4,6,7,8 |
Biomarcadores Moleculares | 75 | 70 | 85 | 5,6,9,11 |
Biópsia Líquida | 65 | 60 | 75 | 12-15 |
Citogenética Molecular | 60 | 55 | 65 | 10,11 |
Epigenética | 55 | 50 | 60 | 17,18 |
O Gráfico 1 a seguir apresenta visualmente os impactos percentuais de cada avanço tecnológico em diagnóstico, prognóstico e tratamento, destacando a relevância de cada tecnologia.
Gráfico 1. Impactos Detalhados dos Avanços Tecnológicos na Hematologia Molecular
O gráfico acima reflete os impactos de cinco avanços tecnológicos com base em estudos publicados entre 2014 e 2024, conforme os critérios estabelecidos na seção de Metodologia. Esse recorte temporal foi aplicado para garantir a inclusão dos avanços mais recentes e relevantes na hematologia molecular.
Os resultados apresentados confirmam a relevância das inovações tecnológicas para a prática clínica na hematologia. O NGS lidera em impacto global, contribuindo para diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados. Biomarcadores moleculares e biópsias líquidas têm se mostrado ferramentas indispensáveis para monitoramento e prognóstico. Por outro lado, a citogenética molecular e os avanços em epigenética continuam a desempenhar papéis fundamentais na compreensão da biologia das hemopatias e na definição de novas estratégias terapêuticas.
Esses dados reforçam a importância de integrar tecnologias moleculares à prática clínica, visando melhorar os desfechos e a qualidade de vida dos pacientes com doenças hematológicas.
DISCUSSÃO
Os resultados desta revisão evidenciam como os avanços na hematologia molecular entre 2014 e 2024 transformaram significativamente o diagnóstico, prognóstico e tratamento das hemopatias. Tecnologias como o sequenciamento de nova geração (NGS), biomarcadores moleculares, biópsia líquida, citogenética molecular e epigenética têm desempenhado papéis fundamentais, cada uma com contribuições específicas para a prática clínica.
O sequenciamento de nova geração (NGS) destacou-se como o avanço mais impactante, apresentando ampla aplicação no diagnóstico, com acurácia de 85%, e no tratamento, com impacto de 90% (4,6,7). Essa tecnologia permitiu a detecção de mutações genéticas específicas, como FLT3 e NPM1, fundamentais para a estratificação de risco em leucemia mieloide aguda (LMA). Mutações em FLT3 foram associadas a um pior prognóstico, enquanto alterações em NPM1 foram relacionadas a taxas de resposta favoráveis à quimioterapia intensiva, resultando em sobrevida global superior a 60% em subgrupos específicos (7,8). Além disso, o NGS ampliou a capacidade de identificar variantes raras que não eram detectáveis por métodos convencionais, contribuindo para tratamentos mais personalizados (6).
Os biomarcadores moleculares também se mostraram essenciais para a estratificação de risco e o monitoramento terapêutico, com impactos de 75% no diagnóstico e 85% no tratamento (5,6,9). Mutações como TP53 foram associadas à resistência terapêutica e maior risco de progressão da doença, enquanto biomarcadores como SF3B1 foram indicados como preditores úteis em síndromes mielodisplásicas, particularmente em casos de anemia refratária com sideroblastos em anel (11). Apesar de sua relevância, a interpretação clínica de biomarcadores pode ser desafiadora devido à heterogeneidade das apresentações moleculares.
A biópsia líquida emergiu como uma alternativa não invasiva para o monitoramento em tempo real de alterações moleculares, com impacto de 65% no diagnóstico e 75% no tratamento (12-15). Estudos apontaram que a biópsia líquida reduziu em até 30% o tempo necessário para detectar recidivas em leucemia linfoblástica aguda, além de apresentar alta correlação com métodos invasivos, como a biópsia de medula óssea (14,15). Embora promissora, essa tecnologia ainda enfrenta desafios relacionados à sensibilidade em estágios iniciais da doença.
A citogenética molecular, com impacto de 60% no diagnóstico e 65% no tratamento (10,11), continua a ser fundamental para a classificação de subtipos de leucemias e linfomas. Alterações como a fusão BCR-ABL1, característica da leucemia mieloide crônica, têm orientado o uso de terapias específicas, como os inibidores de tirosina quinase, resultando em melhor controle da doença (11). No entanto, o alto custo e a dependência de laboratórios especializados podem limitar sua aplicabilidade em locais com recursos escassos.
Os avanços em epigenética, com impacto de 55% no diagnóstico e 50% no prognóstico (17,18), ampliaram as possibilidades terapêuticas, especialmente em pacientes refratários. Terapias como inibidores de metilação de DNA mostraram-se eficazes na reversão de alterações epigenéticas associadas à progressão da doença, com taxas de resposta de até 40% (18). Apesar disso, a compreensão limitada dos mecanismos epigenéticos ainda representa um obstáculo para a implementação de abordagens mais específicas.
Os dados apresentados reforçam que o sequenciamento de nova geração lidera em impacto global, enquanto biomarcadores moleculares e biópsias líquidas se destacam como ferramentas indispensáveis para diagnóstico e monitoramento. Tecnologias como citogenética molecular e epigenética, embora fundamentais em contextos específicos, apresentam limitações em sua implementação clínica mais ampla. Estudos sugerem que o uso combinado dessas tecnologias pode otimizar a precisão diagnóstica e melhorar os desfechos terapêuticos (5,6,12).
A perspectiva futura da hematologia molecular aponta para uma integração cada vez maior dessas tecnologias com inteligência artificial e big data. Ferramentas de aprendizado de máquina têm o potencial de refinar a análise de dados complexos, possibilitando a identificação de padrões moleculares ainda não detectáveis por métodos tradicionais (2,3). Ainda, avanços na acessibilidade e redução de custos dessas tecnologias poderão expandir sua aplicação para ambientes de recursos limitados, democratizando o acesso a diagnósticos e tratamentos de alta precisão.
CONCLUSÃO
Os avanços tecnológicos na hematologia molecular entre 2014 e 2024 proporcionaram transformações significativas na abordagem diagnóstica, prognóstica e terapêutica das hemopatias. Tecnologias como o sequenciamento de nova geração (NGS), biomarcadores moleculares, biópsia líquida, citogenética molecular e epigenética destacaram-se como pilares no desenvolvimento de uma medicina mais precisa e personalizada.
O NGS emergiu como a tecnologia mais impactante, permitindo a identificação de mutações genéticas específicas, essenciais para a estratificação de risco e direcionamento terapêutico, enquanto os biomarcadores moleculares contribuíram de forma decisiva para a personalização de tratamentos. A biópsia líquida consolidou-se como uma abordagem promissora para o monitoramento não invasivo de doenças, enquanto a citogenética molecular e os avanços em epigenética forneceram bases sólidas para entender a progressão das hemopatias e desenvolver novas terapias.
Apesar das contribuições significativas, desafios permanecem. Barreiras como o custo elevado, a necessidade de infraestrutura especializada e a complexidade na interpretação de resultados moleculares limitam a aplicação ampla dessas tecnologias. Ainda assim, os avanços contínuos em inteligência artificial e big data prometem superar muitas dessas limitações, possibilitando uma análise mais precisa e acessível.
Portanto, esta revisão conclui que a integração de tecnologias moleculares à prática clínica é essencial para o manejo moderno das hemopatias. Além disso, esforços para democratizar o acesso a essas inovações e investir em capacitação profissional serão fundamentais para ampliar os benefícios dessas tecnologias a uma população mais diversa. O futuro da hematologia molecular reside na fusão entre inovação tecnológica e acessibilidade, promovendo avanços significativos na saúde global.
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